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Três Lagoas fica em 2º entre os que mais demitiram no País

Lava Jato investiga obras nas duas cidades que mais demitiram

Apenas na construção civil, foram 7,4 postos de trabalho fechados - Ilustração
Apenas na construção civil, foram 7,4 postos de trabalho fechados - Ilustração

Três Lagoas ficou em segundo lugar entre os municípios com maior índice de demissões em todo o país. Os dados são do Ministério do Trabalho e Emprego, que, ainda em novembro, já havia anunciado a queda brusca na geração de emprego em Três Lagoas e colocado o município entre as primeiras colocadas em demissões. Como em dezembro, houve, em todo o país, uma queda ainda maior na geração de empregos, a previsão apenas se concretizou.

Conforme o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), Três Lagoas, cidade que ficou entre as mais geradoras de emprego do país, agora está atrás apenas do município de Ipojuca (PE), onde o saldo do mercado de trabalho chegou a 22,3 mil postos de trabalho fechados entre janeiro e dezembro do ano passado.

Em Ipojuca, as demissões estão relacionadas à conclusão das obras do Complexo Industrial e Portuário de Suape – entre elas, a construção da Refinaria de Abreu e Lima, que é investigada na Operação Lava Jato, da Polícia Federal, por suspeita de faturamento. Segundo o Caged, apenas na construção civil foram fechadas 7,7 mil vagas, além de outras 7,6 mil no setor de serviços.

Em Três Lagoas, onde o saldo de demissões passou de 7,5 mil postos de trabalho fechados no ano de 2014, a causa é semelhante. O maior índice de demissões também foi registrado na construção civil, por conta da paralisação da construção da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados, da Petrobras. No segundo semestre do ano passado, o Consórcio UFN 3, então responsável pelas obras da unidade, deu início a uma série de demissões, que chegou a dois mil cortes em apenas dois meses. O consórcio era composto pelas empresas Sinopec, chinesa, e Galvão Engenharia, sendo a última também investigada na operação Lava Jato por suspeitas superfaturamento. Em dezembro do ano passado, a Petrobras rescindiu o contrato com o consórcio, paralisando, por completo, a construção. O número de demitidos apenas no canteiro de obras da fábrica de fertilizantes foi de cerca de seis mil trabalhadores.

No entanto, a construção civil, que demitiu 7,4 mil no ano passado, não foi a única a fechar com saldo negativo de geração de empregos. Conforme já divulgado pelo Jornal do Povo, os dados Caged apontam que o município registrou, em 2014, um total de 26,5 mil contratações contra 34,1 mil demissões, o que resultou em um saldo negativo de 7.547 postos de trabalho fechados no decorrer do ano. O índice corresponde a uma média de 628,9 vagas a menos a cada 30 dias.

A indústria da transformação teve declínio em 2014 e fechou 409 postos de trabalho com carteira assinada, assim como o setor de serviços cujo saldo entre contratações e demissões ficou negativo em 138 empregos.  Os únicos setores a encerrarem o ano passado com saldo positivo foram os do comércio, com a criação de 293 vagas a mais no mercado, e a agropecuária, com 155 novos postos de trabalho.

HISTÓRICO

Este foi o pior saldo de geração de empregos de Três Lagoas nos últimos 11 anos. Em 2013, por exemplo, Três Lagoas havia gerado 6,3 mil novos postos de trabalho. Na série histórica do Caged, a cidade só havia fechado o ano com saldo negativo na geração de emprego nos anos de 2009, com 103 postos de trabalho fechados, e em 2008, com 867 postos de trabalho a menos.