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Três Lagoas ganha 500 novos empreendedores individuais

Atualmente, são registradas 100 formalizações ao mês no Bolsão

“Ser formalizada é como ser alguém, faz bem para o ego”, diz cabeleireira - Elias Dias/JP
“Ser formalizada é como ser alguém, faz bem para o ego”, diz cabeleireira - Elias Dias/JP

De janeiro até o dia 1º de outubro, mais de 500 profissionais deixaram a informalidade em Três Lagoas. O balanço é baseado nos dados do Portal do Micro Empreendedor Individual (MEI). De acordo com as estatísticas, acessadas ontem, até o dia 1º de outubro deste ano, o município contava com 3.052 profissionais formalizados através do MEI. O número equivale a um aumento de 20% em comparação a janeiro deste ano, quando o município contabilizava 2.543 formalizações.

Três Lagoas é, hoje, a cidade com maior número de formalizações em toda a região do Bolsão, ou região da Costa Leste. Juntos, os 11 municípios que compõem a também conhecida como Costa Leste possuem 7.420 profissionais fora da informalidade. Atrás da cidade, estão municípios como Paranaíba, com 951 formalizações; Cassilândia (705), Chapadão do Sul (635) e Aparecida do Taboado (536 formalizações).

Neste montante está a cabeleireira Yamana Aparecida de Morais Melo, 37 anos. Dona de um salão de beleza no bairro Paranapungá, Yamana deixou a informalidade em 2008, quando ainda residia no município de Tupi Paulista (SP). “Eu comecei a trabalhar em casa mesmo, quando me formei como cabeleireira em 2006. Depois me mudei para Tupi, onde procurei o Sebrae para me formalizar. Depois de dois anos, quando voltei para Três Lagoas, uma das primeiras coisas que fiz foi procurar o Sebrae para transferir toda a minha documentação”, disse.

A pressa em manter-se formalizada tem motivo. De acordo com a profissional, além dos benefícios previstos no MEI, como auxílio doença, CNJP etc, estar formalizada ajuda na autoestima do profissional. “Faz bem para o ego, a gente se sente reconhecido profissionalmente. Hoje, tenho meu próprio salão, tenho CNPJ, posso ter minha maquinha de cartão de crédito e até contratar um funcionário”, destacou.

A valorização também vem do fora para dentro. De acordo com ela, muita coisa mudou depois de se transformar em empresária e o fato de estar formalizada aumenta a credibilidade do salão de beleza junto às suas clientes. “O meu salão é em frente à minha casa e mesmo assim atendo pessoas de todos os lugares, não apenas do meu bairro. Tenho cliente que mora depois da linha. Para a mulher, não tem distância para ficar bonita não”,brincou.

Por dia, Yamana chega a atender de seis a sete clientes. O número, porém, varia de acordo com a data e também com o serviço pedido por elas. “De sábado, por exemplo, não paro um minuto”, completou.

O rendimento do salão tem sido suficiente para manter seus gastos e até ajudar no orçamento de casa. Ela é casada e tem duas filhas. “Tenho um marido que graças a Deus me ajuda muito. Mas também não sou mulher que dá prejuízo para marido não. Todas as despesas do salão são pagas por ele e ainda sobra para as minhas coisas particulares”, brincou.

ATENDIMENTO

Assim como Yamana fez há alguns anos, cerca de 50 profissionais de Três Lagoas buscam o Sebrae mensalmente para se formalizarem. A média em toda a região do Bolsão é de 140 novas formalizações ao mês, segundo Ana Flávia Arrais, analista técnica do Sebrae e gestora do Projeto de Desenvolvimento Econômico e Territorial na Região da Costa Leste.

De acordo com ela, o índice supera o de outras regiões do Estado por conta do processo acelerado de desenvolvimento em que se encontram alguns municípios do Bolsão. Entre as profissões com maior número de formalizações, está a de Yamana (cabeleireira), comércio varejista de roupas, lanchonetes, obras de alvenaria e ligadas ao setor de instalação e manutenção elétrica.

Em contrapartida, o índice de inadimplentes ainda é alto, chegando a 56,5% em todo o Estado. Este, porém, não é o caso de Yamana. Ela nunca deixou de pagar os tributos anuais. “Faço de tudo para pagar antecipadamente. Nunca precisei usar nenhum benefício, mas gosto de pensar que, se um dia precisar, eles estarão disponíveis”.

Hoje, a microempreendedora individual atende a pessoas de todas as classes sociais e também de todas as idades. No entanto, segundo ela, as mulheres na faixa dos 30 anos são as mais buscam seus serviços. “Os 30 anos são maravilhosos. A mulher se sente mais bonita e quer se cuidar ainda mais”.