Fornecedores que prestam serviços ao Consórcio UFN-3, responsável pela construção da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados de Mato Grosso do Sul (Fafen-MS) em Três Lagoas, buscam uma solução para um novo atraso nos pagamentos de bens e serviços prestados. O consórcio, composto por duas construtoras, atrasou, mais uma vez o pagamento dos bens e serviços consumidos, o que resultou em uma dívida de aproximadamente R$ 8 milhões.
De acordo com o presidente da Associação Comercial e Empresarial (ACE) de Três Lagoas, Atílio D’Agosto, informou que o atraso ocorre há cerca de 60 dias, mas que um novo cronograma de pagamentos pode ser definido em breve. “Eles [diretores da Petrobras e do Consórcio] informaram que o mês de outubro não foi um mês fácil. O Consórcio teve essas demissões na semana passada. Mas, a informação é a que Três Lagoas não seria prejudicada com o não pagamento a esses fornecedores. Estou falando com as empresas com frequência e na quinta-feira, haverá uma nova reunião, quando deverá ser proposta uma ata definitiva para o pagamento da dívida a cada fornecedor”.
Para esse encontro, a ACE deverá apresentar levantamento completo da dívida de cada empresa a ser apresentado aos diretores do Consórcio e da Petrobras. “Nesse momento, não temos nada de concreto. Mas, existe essa promessa e as empresas mostraram que estão cumprindo os compromissos”, completou.
D’agosto disse que, desde os primeiros atrasos no pagamento à fornecedores de Três Lagoas, o Consórcio injetou R$ 25 milhões no pagamento de dívidas. “Quem ainda está com dívidas a serem ressarcidas continua recebendo, mas de uma forma menos acelerada. Não podemos esquecer que a Petrobras está com problemas no Brasil inteiro. Mas, a nossa preocupação maior é com Três Lagoas. Por isso, estamos negociando”.
O presidente da Associação Comercial informou não ter em mãos, no momento da entrevista, a lista com o total de empresas com saldo a receber do Consórcio. Mas, antecipou tratar-se de empresas que já fornecem bens e serviços para a obra há mais de um ano. “São alojamentos, empresas de alimentação, concretaria, etc. Empresas que optaram por acreditar na garantias do Consórcio”, completou.
RITMO
Atílio D’Agosto descarta uma paralisação completa da obra da Fafen em Três Lagoas. No entanto, ele acredita na diminuição do ritmo na construção da fábrica que é considerada a maior fábrica de fertilizantes nitrogenados da América Latina. Na semana passada, o Consórcio UFN-3 demitiu mais de 1,5 mil operários da obra, que empregava, até então, cerca de cinco mil trabalhadores. A demissão em massa, segundo apurado na época, devia-se a uma ação para conter custos. “Parar 100% não vai. O que pode acontecer é uma redução drástica de ritmo. Isso é um fato”.
No entanto, ontem, conforme já divulgado pelo Jornal do Povo, o Consórcio emitiu nota informando que as demissões devem-se ao novo ciclo do empreendimento. A partir de agora, a etapa da implantação da fabrica, informou a nota, ingressa em uma fase estritamente técnica, “que substitui paulatinamente a sua mão de obra da construção civil por outras especializadas, visando à instalação de equipamentos”.
CONTRATO
No próximo mês, ainda segundo apurado pelo JP, encerra-se o contrato entre Petrobras e Consórcio UFN-3. As duas empresas já estariam negociando a renovação, ou não, do contrato para a conclusão da obra. Para Atílio, a renovação do contrato é mais viável. “O custo para se tirar a UFN-3 e colocar uma nova empresa é praticamente o dobro do que concluir o que falta”.