O ex-governador do Estado, José Orcírio Miranda dos Santos, o “Zeca do PT”, confirmou nesta semana sua pré-candidatura ao governo estadual para as eleições de 2022. O anúncio foi feito pela direção do PT (Partido dos Trabalhadores) em Mato Grosso do Sul.
Em entrevista à CBN, dias antes do anúncio, Zeca falou às jornalistas Danielly Escher, Ingrid Rocha e Adilson Trindade, sobre as articulações do partido para o próximo ano. “Procurei o PT, fiz uma reunião com as principais lideranças e coloquei meu nome à disposição. Mas, não adianta só um bom nome para governador, para presidente, se o partido não estiver organizado nos estados e, em cada um, com chapas competitivas para deputado federal e estadual”, defendeu.
Nascido em Porto Murtinho, Zeca do PT iniciou sua trajetória política como bancário, na década de 1980. Foi deputado estadual por dois mandatos, duas vezes governador e deputado federal. Depois, voltou ao cenário político como o vereador mais votado da história de Campo Grande.
Com o Lula solto, o PT ganhou fôlego de vida. Isso pode refletir em Mato Grosso do Sul com sua candidatura ao governo?
Não tenho dúvida nenhuma de que a ascensão do nome de Lula, a avaliação positiva de seu nome, a correção que se faz contra toda perseguição que ele foi vítima e que reflete nas pesquisas, evidentemente vai refletir em todos os estados e aqui não é diferente. E as pesquisas mostram isso. Tive informação na Assembleia Legislativa de que hoje, estou empatado com o principal candidato [André Puccinelli]. Procurei o PT, fiz uma reunião com as principais lideranças e coloquei meu nome à disposição. Mas, não adianta só um bom nome para governador, para presidente, se o partido não estiver organizado nos estados e, em cada um, com chapas competitivas para deputado federal e estadual.
Em 2018, o André Puccinelli foi retirado da disputa ao governo nas vésperas da convenção do MDB, quando foi preso. O ex-presidente Lula também foi preso na véspera da campanha eleitoral e, mesmo na prisão, liderava a preferência pelo eleitorado. O senhor acha que a prisão do André poderá prejudicá-lo na campanha eleitoral? Já as pesquisas apontam que a prisão de Lula deu ainda mais força para sua eleição. Isso ajudará o PT no confronto com o André?
Não tenho dúvida. Mas tem uma diferença fundamental nessa história. Lula esteve preso quase dois anos, saiu absolutamente absolvido. A decisão da Suprema Corte disse que não valeu em nada a artimanha montado pelo ex-juiz Sérgio Moro, pelo Ministério Público, pela República de Curitiba, no sentido de inventar razões para processar o Lula. É uma história. A outra que eu não entro no mérito é a história do André Pucinelli. E não é só pela prisão de seis meses que o André e o filho tiveram. O problema é que o André ainda tem inúmeros problemas e processos.
O senhor falou recentemente sobre a disposição do PT em fazer aliança com antigos rivais. O senhor aceita até aliança com os irmãos Trad, menos com o MDB de André Puccinelli e com o Delcídio. Por que essas restrições?
Porque eu acho que os dois são grandes enganadores, prepotentes, arrogantes e não fazem bem para a democracia, para a política. Disse isso para o presidente Lula quando conversei com ele na última semana. (…) Quero conversar com os Trad, tenho maior respeito pelo Nelsinho [Nelson Trad Filho], pelo prefeito Marquinhos [Marcos Marcello Trad] e, particularmente, grande apreço pessoal com o Fábio Trad. Acho que ele tem um comportamento ético, democrático, republicano, que me impressiona. E diria mais, avisei o Lula que com André e Delcídio eu não fico. E, não tenho dificuldade nenhuma, eventualmente no segundo turno, em conversar com o PSDB de Eduardo Riedel, que eu tenho um apreço pessoal e respeito muito grande.
O senhor aceita abrir mão de candidatura própria para construir, com outros partidos, palanque para o Lula em Mato Grosso do Sul?
Sem dúvida nenhuma. Minha opinião é essa. Evidentemente, lá na frente temos que ver quem está bem na pesquisa ou não. Aliás, essa é a orientação do Lula, de que nos estados possamos fazer aliança, abrindo mão da vaga de governador e senador. Lula defende uma tese de que nós temos que reforçar nosso espaço na Câmara Federal. E ele disse para mim que precisamos ter bem claro que mais do que ganhar [as eleições], temos que governar. E se governa com a Câmara Federal, com o Congresso.