A busca por um futuro financeiro confortável foi o que direcionou a escolha do estudante Tomáz Zanoni Arruda Sampaio, de 18 anos. Ele decidiu trocar o curso de engenharia pelas cadeiras de um cursinho pré-vestibular na Avenida Paulista para tentar, no fim do ano, uma vaga em faculdade de economia.
(No fim deste mês e começo de setembro as principais universidades recebem inscrições. O G1 publica nesta semana uma série de reportagens sobre o dilema dos jovens e as dicas dos especialistas.)
O motivo da escolha é o fato de ele acreditar que a carreira seja mais rentável. “Uma tia um dia me disse: "A minha felicidade é ligada à minha conta bancária". Eu concordo. Quero viajar, ir a restaurantes caros e, para isso, precisa dinheiro. A minha satisfação profissional está relacionada ao retorno financeiro”, diz.
Antes de mudar de área, ele disse ter refletido bastante e conversado com o pai. “Ele me entendeu mais ou menos, mas me encheu o saco, porque saí da faculdade”, conta. A mudança está diretamente ligada à renda que o Sampaio poderá ter no futuro: “Espero aos 35 anos ter uma boa casa e com condições para sustentar uma família. Quero ser bem autônomo financeiramente”. Se fosse fazer o curso que mais gosta, ele estudaria História. “Mas não dá dinheiro. Só por esse fato não vou”, revela.
A estudante Isabella Sônego, de 18 anos, teve que recorrer à criatividade para conciliar a Biologia, área de que mais gosta, com a Arquitetura, profissão que pode dar, na opinião da vestibulanda, melhor retorno financeiro. “Não foi só pelo dinheiro que eu escolhi a Arquitetura, mas o dinheiro foi um motivo para eu insistir nessa área”, diz a jovem.
Isabella pretende aliar a sustentabilidade – um tema relacionado à Biologia – com a escolha que fez no vestibular: “A preocupação com o desenvolvimento sustentável está em alta e acredito que assim eu vou conciliar as duas áreas que me encantam. Apesar da concorrência, a arquitetura é uma área que está valorizada”.
Especialista alerta: é preciso conciliar
Ganhar dinheiro ou ser feliz? Qual deve ser a principal opção do vestibulando ao escolher o curso que irá prestar? Os dois, afirma a psicóloga, orientadora vocacional e professora da PUC-SP, Regina Sônia Gattas. “A realização profissional deve ser conseguir ganhar dinheiro fazendo o que gosta”, recomenda.
Ela diz que o dilema é comum no momento da decisão do jovem, mas que é preciso tomar cuidado com as mudanças no mercado de trabalho. “Engenharia de Petróleo, por exemplo, é uma escolha com perspectivas hoje, mas pode ser que daqui a 10, 15 anos, não seja fácil arranjar possibilidade de trabalho [nessa área]”, explica.
Para a orientadora vocacional Regina Sônia Gattas, o vestibulando trocou a área com que não se identificava, engenharia, por uma que mais se aproxima do que ele gosta: “economia tem seu ramo mais humano”. Os pais de Sampaio sabem da motivação dela ao optar por economia no vestibular.
“Meu pai não fala muito, mas ele me entende. Já a minha mãe não apoia. Ela acha melhor que eu siga uma carreira que me dará mais prazer”, conta. A orientadora vocacional Regina diz que os pais devem aconselhar os filhos, mas não interferir na escolha: “A decisão é do filho. O futuro é do filho”.