O tão sonhado, para muitos, diploma de nível superior se tornou realidade também para um reeducando do Instituto Penal de Campo Grande (IPCG). José Carlos de Santana Junior, de 28 anos, se tornou bacharel em Processos Gerenciais, pela Universidade Católica Dom Bosco, na manhã de terça-feira, 16, em cerimônia de formatura realizada no próprio presídio.
O interno teve acesso ao ensino de nível superior por meio de parceria entre a universidade particular e a Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen), estabelecida há cerca de três anos. As aulas acontecem pelo método ensino à distância e seguem os mesmos protocolos de exigências dos demais cursos do módulo virtual. Outros oito internos do IPCG e mais dois do Centro de Triagem também são beneficiados pela parceria. As aulas acontecem nos setores de informática e todo o acesso é monitorado pelos responsáveis pelos setores de educação das duas unidades prisionais.
José Carlos é o primeiro da Capital e o segundo no Estado a concluir o ensino superior dentro do regime fechado, conforme informações da Divisão de Educação da Agepen. No ano passado, o custodiado Daniel Flávio Nogueira Vieira, 33 anos, se formou em Comércio Exterior, quando ainda cumpria pena no Estabelecimento Penal de Aquidauana, também por meio de parceria com a UCDB. Daniel iniciou os estudos na faculdade quando cumpria pena no Centro de Triagem e prosseguiu com os estudos mesmo após ser transferido para o outro município. Atualmente, ele está em regime semiaberto.
Para a conquista do diploma, o reeducando do IPCG estudou por dois anos na faculdade e custeou os estudos com o dinheiro que ganha trabalhando na unidade penal, além da ajuda da família. O nível médio também foi iniciado e concluído no Instituto Penal, através de aulas da Escola Estadual Pólo Regina Anffe Nunes Betine, responsável pelo ensino em estabelecimentos penais de Mato Grosso do Sul.
De acordo com o diretor do Instituto Penal de Campo Grande, Fúlvio Ramires, atualmente cerca de 200 reeducandos estudam no local, entre ensino fundamental, médio e superior. “A educação é um dos nossos principais focos para possibilitar a reinserção social dos nossos custodiados”, afirmou, destacando que os internos participam também de diversos cursos profissionalizantes no presídio.