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Uems implanta polo em aldeia para atender comunidade de quatro municípios

Polo implantado em 2015 já ofertava um curso com 80 matriculados

Polo EaD da Aldeia Porto Lindo em Japorã
Polo EaD da Aldeia Porto Lindo em Japorã

“Para nós indígenas, a Educação é a única solução para o desenvolvimento, para a gente trazer melhorias, para lutarmos pelo nosso povo. Esse polo aqui a gente já estava aguardando, porque muitos indígenas da aldeia Porto Lindo e outras regiões, não conseguiam ter acesso à faculdade”, ressaltou a acadêmica indígena Guarani, do curso de Ciências Sociais, Agda Rocha Riquelme, 33 anos.

Ela iniciou seu primeiro curso universitário no polo de Educação a Distância (EaD) da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (Uems), em parceria com a Universidade Aberta do Brasil (UAB), no polo do município de Japorã. O polo, que fica localizado na aldeia indígena Porto Lindo, é o primeiro núcleo universitário construído dentro de uma aldeia indígena no Brasil.

No sábado (7), o reitor da Uems, Fábio Edir dos Santos Costa, esteve presente na Aldeia, onde ministrou a aula inaugural dos cursos Licenciatura em Ciências Sociais, Bacharelado em Administração Pública e Especialização lato sensu em Gestão Pública. O polo, implantado em 2015, já ofertava um curso com 80 matriculados. Agora, com os cursos de graduação e pós-graduação da Uems, serão mais 150 alunos – totalizando 230 acadêmicos.

“Para nós é uma honra muito grande dar continuidade as nossas atividades, ampliando a oferta de Educação Superior pública, gratuita e de qualidade para toda a população sul-mato-grossense. De modo muito especial, fomos acolhidos pelo cacique e por toda a comunidade da aldeia Porto Lindo, onde nos sentimos muito mais presentes junto a nossa população. A partir deste momento, os nossos novos acadêmicos passam a compor a história da nossa Universidade, compor a história da educação superior do Mato Grosso do Sul. Um orgulho para o nosso povo e para a nossa gente”, destacou o reitor.

Para o cacique da comunidade indígena – Guarani Nhandeva e Guarani Kaiowá – que faz parte da aldeia Porto Lindo, Roberto Carlos Martins, os cursos universitários proporcionarão a interação e troca de conhecimentos entre indígenas e não indígenas.

“Ambas as partes vão conhecer melhor a cada um. Os indígenas vão conhecer melhor como é a cultura não índia e também os brancos vão conhecer como é a cultura indígena, como é que a comunidade indígena vive. E a partir do momento que os alunos conhecem a comunidade eles vão se tornar defensores da causa indígena”, afirmou o cacique.

De acordo com o diretor de Educação a Distância da Uems, Wander Aguiar, este foi um momento que a Universidade buscou e esperou muito. “Dentre as missões da Uems está justamente levar o conhecimento, então para nós é muito importante este momento de início, como é importante a realização dos momentos das formaturas. É uma conquista da Universidade a possibilidade de estarmos implantando esses cursos, é um motivo de grande orgulho para nós”, disse.

Dos 9.200 habitantes do município de Japorã, 80% são indígenas. E somente a comunidade indígena na aldeia Porto Lindo conta com 5.500 pessoas, sendo que 2.500 indígenas estão estudando, da pré-escola ao curso superior.

Segundo o prefeito de Japorã, Vanderlei Bispo de Oliveira, o polo atende alunos de Japorã e também da região, como Iguatemi, Mundo Novo e Eldorado. “Uma grande parte dos acadêmicos são indígenas. É um polo de inclusão social. Os cursos são fantásticos, pois dão a oportunidade para uma comunidade, praticamente excluída. Temos aqui vários acadêmicos indígenas, acadêmicos filhos de assentados e pessoas de todas as cidades vizinhas. É importante para o desenvolvimento socioeconômico da nossa região”.

A aldeia Porto Lindo fica a 23 km do Centro de Japorã, conta com prédio estruturado e internet de qualidade.

Inclusão

A Uems foi a primeira Universidade brasileira a reservar 10% de vagas de todos os cursos para indígenas e 20% para negros.

EaD na Uems

A Uems conta, atualmente, com nove polos de EaD em parceria com a UAB, nos municípios de: Água Clara, Bataguassu, Bela Vista, Camapuã, Miranda, São Gabriel do Oeste, Japorã, Paranhos e Aparecida do Taboado.

No segundo semestre de 2017, a Universidade ofereceu 850 novas vagas para cursos de graduação e pós-graduação.

(Informações Notícias MS)