Copos plásticos, garrafas, bitucas de cigarro e papéis de diversos tamanhos. Esse é o cenário das arquibancadas do Morenão após as partidas do Campeonato Estadual de Futebol Profissional Série A 2019. Em um dos últimos jogos realizados no local, entre Operário e Chapadão, estavam presentes mais de 400 torcedores. Porém, o lixo deixado para trás fez parecer que o número de pessoas durante a partida era bem maior. Até o momento, foram realizados mais de oito jogos no Estádio Universitário Pedro Pedrossian, e estão previstas mais seis partidas até o final da competição, que será realizada entre os dias 14 e 21 de abril.
O Morenão está localizado no entorno da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), por este motivo é conhecido como estádio universitário. Na segunda-feira após o confronto entre Operário e Chapadão foi possível ver funcionários da equipe de limpeza da Universidade retirando alguns lixos deixados nas arquibancadas, porém, em nota de esclarecimento a Secretaria Especial de Comunicação Social e Científica da UFMS informou a Rádio CBN Campo Grande que “O acordo de cooperação entre a Universidade e a Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul prevê que a responsabilidade pela limpeza dos banheiros, arquibancadas e cabines de transmissão do estádio Morenão é da Federação.”.
Enquanto a UFMS joga a bola para a Federação, a mesma joga a responsabilidade para os clubes que tem mando de campo no Morenão, são eles: Comercial, Novo, Operário e União ABC. Em entrevista a Rádio CBN o vice-presidente da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul (FFMS) Marco Antonio Tavares, disse que a limpeza após os jogos compete exclusivamente aos quatro times citados.
De acordo com Tavares, esse acordo funciona somente em Campo Grande, pois no interior os jogos recebem o apoio da prefeitura local, que auxilia na limpeza dos estádios utilizados, “No interior a relação com a prefeitura é muito mais fácil, mas, como aqui (em Campo Grande) não tem a participação da prefeitura, a coisa fica um pouco mais complicada.” relatou o vice-presidente.
Ainda segundo Marco Antonio Tavares, a Federação tem recebido reclamações de torcedores em relação a limpeza e a estrutura do Estádio Morenão, que está liberado para receber a torcida somente no lado coberto, pois o laudo de segurança das arquibancadas sem cobertura foi reprovado.
Os Clubes
O presidente do Comercial, Walter Manguini, afirmou que o clube tem cumprido o acordo e realizou a limpeza do Morenão nos três jogos que teve como mandante, “Até agora não recebemos reclamação de nenhum torcedor ou dos adversários. Agora, nós não vamos limpar todo o Morenão sendo que não utilizamos, né. Temos uma média de público de 400 pessoas, então você prepara o estádio pra essa quantidade de torcedores, até porque o Clube não pediu liminar para vender bebidas nos dias de jogos, então o consumo de descartáveis é menor.”. Manguini ainda afirmou que o Clube irá começar uma campanha de conscientização, afim de diminuir a quantidade de lixo deixada pelos torcedores tricolores.
O representante do União ABC, Fabio Manso, também afirmou que a equipe cumpriu o acordo em seu único jogo com mando de campo no Morenão, e que por ter público reduzido a sujeira deixada pelos torcedores não toma grandes proporções. Segundo Fabio, o acumulo de lixo da partida anterior é retirada pela próxima equipe com o mando de campo.
O presidente do Operário – equipe que por quatro vezes teve o mando de campo no Morenão – Estevão Petrallas, afirmou que a equipe realizou devidamente a limpeza do estádio, em parceria com a empresa que faz a manutenção do Morenão, “Nós limpamos desde as cabines de imprensa até sanitários e arquibancadas onde ficam os torcedores.”. Petrallas ressaltou que a organização do Operário tem servido de exemplo para os demais clubes, abrangendo até mesmo as torcidas organizadas do Galo.
Outro Clube com mando de campo no Morenão é o Novo. Em entrevista, o presidente da equipe, Américo Ferreira, se surpreendeu ao ser questionado e afirmou desconhecer o acordo firmado entre os Clubes e a UFMS.
É importante evidenciar que a sujeira presente em todos os estádios, não somente no Morenão, é deixada pelos torcedores e que a simples ação de jogar copos, papéis, bitucas de cigarro entre outros nas lixeiras, ajuda na organização e manutenção dos estádios. Que são utilizados pelos próprios torcedores.
De acordo com a Giral Viveiro de Projetos, o lixo produzido anualmente pelo Brasil encheria 206 estádios do Morumbi. São cerca de 79,9 milhões de toneladas de resíduos sólidos por ano, montante que poderia render R$8 bilhões anualmente, pois cerca de 31,9% desses resíduos podem ser reciclados. Porém, infelizmente apenas 3% chega a reciclagem.
Então, lembre-se de usar as lixeiras presente nos estádios ou levar o lixo até a lixeira mais próxima sempre que for prestigiar os jogos do seu time e em qualquer lugar público.