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Três Lagoas, 07 de setembro

Crianças com TEA não conseguem tratamento odontológico em Três Lagoas

Pessoas com nível dois e três de suporte do espectro necessitam serem sedadas para o procedimento

Por Any Galvão
24/07/2024 • 14h14
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Uma questão que tem gerado grande preocupação entre as famílias é a dificuldade de acesso a tratamento odontológico para crianças e adolescentes com Transtorno do Espectro Autista (TEA) em Três Lagoas. Muitas dessas crianças necessitam de atendimento urgente.

Em um vídeo obtido pela equipe de reportagem do Grupo RCN, uma mãe expressa frustração por não conseguir tratamento odontológico adequado para o filho. A dona de casa Maria Aparecida da Silva conta que o filho Danilo, que tem TEA em estágio avançado, precisa de sedativos para o tratamento dental, mas não encontra esse serviço nos postos de saúde da cidade. “Já faz tempo que o meu filho vem sofrendo de dor de dente. Eu não sei se vocês já sentiram dor de dente, mas ele está com os dentes da boca tudo podre atrás. O siso está infeccionado. Ele não deixa a gente mexer e aqui na cidade não tem sedação”, ela conta no vídeo.

No vídeo, Maria relata que, ao procurar atendimento, foi orientada a se dirigir a Campo Grande e desabafa sobre a situação. “Me mandaram para Campo Grande. Eu cheguei lá e fiquei perdida sem ter ninguém para me ajudar e sem saber o que fazer. Me trouxeram de volta e falaram para eu mexer com um monte de documentação, mas como eu vou fazer isso se eu tenho que cuidar dele? Três Lagoas deveria ter uma clínica especializada”.

A equipe entrou em contato com a Associação de Pais e Amigos dos Autistas de Três Lagoas (AMA), onde foi revelada uma lista de crianças e adolescentes que aguardam atendimento odontológico com sedação.

A presidente da AMA, Neide Lima, confirmou que essas crianças enfrentam riscos pela falta de tratamento e explicou a necessidade da sedação. "Pessoas com nível dois e três de TEA enfrentam dificuldades porque não conseguem se concentrarem para ficarem sentadas enquanto o dentista examina e usa o equipamento. Por isso, é necessário realizar o procedimento com sedação. Infelizmente, esse serviço não está disponível na cidade. Atualmente, só é oferecido em Campo Grande e Araçatuba".

Segundo Neide, o tratamento com sedação em Três Lagoas está disponível apenas na rede privada, com custos em torno de R$ 2 mil. A orientação da Secretaria Municipal de Saúde é que as famílias busquem a justiça para resolver a situação. "Fui orientada a buscar a Justiça, mas isso me parece impossível e desumano. Não é aceitável que, com o nível dois ou três de TEA, uma pessoa precise recorrer ao sistema judicial para obter um serviço básico como o atendimento odontológico. É algo simples e não deveria ser difícil de implementar. Se o serviço está disponível na rede privada, por que não pode ser oferecido pelo SUS?", Neide pontua.

A assessoria de comunicação da Prefeitura de Três Lagoas informou, por meio de nota, que os procedimentos odontológicos para pacientes com deficiência são realizados por profissionais especializados no Centro de Especialidades Odontológicas.

No entanto, casos mais complexos que requerem sedação hospitalar são encaminhados para Campo Grande. A Secretaria Municipal de Saúde também está realizando um levantamento para melhor direcionar esses pacientes, seja na rede municipal ou em hospitais de referência para casos mais complicados.

Além disso, o Conselho Regional de Odontologia (CRO) informou que está em contato com a prefeitura para a contratação de serviços que evitem a necessidade de deslocamento para Campo Grande.

Confira a reportagem abaixo:

 

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