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Três Lagoas, 07 de setembro

Estupro até quando?

Leia o Editorial do Jornal do Povo, da edição, de sábado (20)

Por da Redação
20/07/2024 • 06h30
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Estudos jurídicos revelam que apenas metade dos casos de estupros ocorridos no país é denunciada, uma vez que a maior parte das vítimas se sente oprimida na hora de se conduzir a uma delegacia para falar sobre a violência sofrida e realizar exame do corpo de delito.

No Brasil, a estatística oficial mostra que, no ano passado, foram registrados 83.988 casos de estupro e esse número vem aumentando ano a ano. A cada seis minutos é registrado um caso de estupro. No ano anterior, em 2022, era um caso a cada oito minutos.

Ao analisarmos o cenário em Mato Grosso do Sul, verifica-se que foram notificados 2.603 casos no ano passado. E, por aqui, o índice de notificação desse crime está acima da média nacional. Enquanto no país foram registrados 41 casos a cada grupo de 100 mil habitantes, em MS esse número quase dobrou, chegando a 94 casos a cada 100 mil habitantes.

E o mais estarrecedor, nessa estatística, é o fato de que três municípios sul-mato-grossenses aparecem entre as 50 localidades brasileiras com maior número de casos.

Dourados é o quinto município do país nesse ranking, Três Lagoas é o sétimo e Campo Grande aparece na 36ª posição. Não podemos deixar de lembrar que esses números foram tabulados a partir das informações registradas pela polícia nos mais de cinco mil municípios do território brasileiro. Em 76% dos casos, as vítimas foram crianças e adolescentes, ou seja, não tiveram chance nenhuma de se defender dos estupradores.

Todos esses dados constam no 18º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado nesta semana pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que reúne pesquisadores, cientistas sociais, gestores públicos, policiais das diversas corporações e operadores da justiça que buscam dar transparência às informações sobre violência e políticas de segurança para encontrar soluções baseadas em evidências. Com crescimento quase ininterrupto ao longo dos anos, os casos de estupro no país têm atingido novos recordes e, em um período de 13 anos, o aumento no número de vítimas chegou a 91,5%.

A questão é: por que esse crime, que traz graves e múltiplas sequelas psicológicas e físicas, é cada vez mais frequente? Como combater o estupro que acontece e se esconde, na maior parte dos casos, dentro do ambiente familiar ou no círculo de amigos próximos? Se faltam políticas públicas ou leis mais rigorosas, a própria sociedade de bem precisa se mobilizar.

Estar atenta a qualquer mudança no comportamento de possíveis vítimas e formar uma rede de proteção que começa dentro de casa e inclui mais atenção, carinho, acolhimento e cuidado, principalmente com meninas e mulheres, pois elas representam quase 90% das vítimas de estupro.

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