C crescendo ano a ano. Assim o presidente da Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul (Fiems), Sérgio Longen, define o momento do setor no estado. Para este ano, a previsão de investimentos bilionários por parte de grandes empresas e a disponibilidade de diversificar a produção traçam o desenho do desenvolvimento no estado. Nesse sentido, Mato Grosso do Sul, que se transformou no maior produtor mundial de celulose, deve receber a primeira fábrica de papel. Por outro lado, a produção de látex também se expande. Nesta entrevista, Logen fala sobre esses avanços e também dos impactos da MP 1.227 que recebeu, inclusive, o título de “MP do fim do mundo”.
Este ano foram anunciados R$ 30 bilhões em investimentos privados no estado. Podemos considerar 2024 o ano da indústria em MS?
Sérgio Longen – Ano a ano superamos os investimentos no setor. Essa consolidação da atividade econômica é muito importante e exatamente o modelo que vem sendo seguido na transformação industrial. E nós devemos anunciar outros novos (investimentos) nos próximos dias, porque as atividades estão se multiplicando também.
Quais segmentos novos?
Sérgio Longen – Nós devemos anunciar uma indústria para produzirmos papel no estado. O projeto está praticamente pronto e é muito importante para estado. Eu espero que seja em Ribas, ou naquela região. Produzir papel é um sonho desde quando foi iniciado o primeiro projeto da produção de celulose em Três Lagoas.
E quando pensamos em papel é algo bem amplo, vai desde a embalagem até a caixa de transporte das grandes indústrias.
Sérgio Longen – Exatamente. O estado vem se consolidando como um grande produtor mundial de celulose. As fábricas mais modernas de celulose do mundo estão aqui. Com a vinda da Arauco, em Inocência, é um reforço a mais. Também os investimentos anunciados pela J&F para uma nova fábrica de celulose da Eldorado, possivelmente em Três Lagoas ou região. A Arauco já vem, há anos, investindo no plantio de eucalipto e, agora, anuncia a fábrica. Vamos produzir também o papel e seus derivados.
Há também o plantio para a extração de látex. Existem, hoje, condições de termos uma indústria de pneus no estado?
Sérgio Longen – Ainda não, mas nós já temos a produção da segunda fase para fazer a bandagem do pneu em Aparecida do Taboado. Lá nós temos uma fábrica que atende hoje a produção de borracha do estado. É algo que cresce lentamente, mas é uma atividade a mais do setor industrial […] Eu entendo que o estado, nos próximos anos, pode esperar – eu não digo uma fábrica de pneu – mas algo similar utilizando a borracha produzida por aqui. As seringueiras que produzem o látex não crescem na mesma velocidade do eucalipto, mas o setor vem se consolidando também e é um processo inovador.
Agora sobre a MP do PIS-COFINS que foi devolvida ao Executivo pelo Senado. Como o setor reagiu a isso?
Sérgio Longen – Nós ficamos surpresos com a ação do Governo Federal em mandar uma Medida Provisória sem negociar com ninguém. De repente, foi protocolada uma MP desse tamanho, que impacta a produção brasileira tanto que foi considerada a “MP do fim do mundo”. Nós temos uma reforma tributária que precisa ser regulamentada agora e também ajustada em todo o Estado. Eu entendo que não temos mais espaço para buscar recursos com impostos. Precisamos cortar despesas. O Governo Federal precisa rever os seus gastos. Se isso não acontecer, não existe imposto no mundo que vá dar conta de cobrir as despesas federais.