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População idosa cresce e desafia políticas públicas

Dados recentes do IBGE indicam que o Brasil caminha rápido para se tornar um país majoritariamente idoso

Por Ana Cristina Santos
31/08/2024 • 12h05
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Com o envelhecimento acelerado da população brasileira é evidente a necessidade de políticas públicas que garantam qualidade de vida aos idosos. Em Três Lagoas, essa urgência é ainda mais crítica, uma vez que a cidade enfrenta um déficit significativo de espaços adequados para abrigar essa parcela crescente da população. No entanto, a prefeitura, em vez de investir localmente, destina recursos para instituições de outros municípios, gerando críticas e preocupações sobre a assistência aos idosos na cidade.

Dados recentes do IBGE indicam que o Brasil caminha para se tornar um país majoritariamente idoso. Em 2030, haverá mais brasileiros com mais de 60 anos do que crianças e, atualmente, dos 203 milhões de habitantes, cerca de 32 milhões são idosos, representando 15% da população. Em Mato Grosso do Sul, o cenário não é diferente: são 391.091 pessoas com mais de 60 anos, sendo 17.058 em Três Lagoas.

A previsão é de que o crescimento populacional do estado será de apenas 6,72% até 2070, com um aumento concentrado até 2053. Esse cenário reflete um aumento da expectativa de vida, mas também evidencia a necessidade de políticas de cuidado e suporte para essa população que cresce em ritmo acelerado.

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Três Lagoas possui apenas um lar de idosos

O Lar de Idosos Eurypedes Barsanulpho, único na cidade, enfrenta limitações. Mantido pelo Grupo da Fraternidade Espírita José Xavier, o espaço completou 73 anos neste mês e tem capacidade para apenas 32 pessoas e já está no limite.

A entidade sobrevive com apoio financeiro limitado da prefeitura e doações da comunidade, além de iniciativas de arrecadação como o Leilão da Fraternidade e vendas do bazar  de usados denominado de Merca Tudo, além de R$ 8 mil que o Poder Judiciário começou a repassar para a entidade.

O presidente do Lar, Cristovan Canela, ressalta que os custos para manter a instituição são elevados, com cada idoso demandando cerca de R$ 3.500 por mês. Segundo ele, muitos idosos necessitam de atendimento médico imediato, exames e consultas particulares, já que o SUS não consegue atender com a rapidez necessária. “Os idosos são bem tratados, mas os recursos são sempre um desafio. Há uma fila de espera de pessoas aguardando vaga”, destaca Canela.

Prefeitura repassa mais de R$ 900 mil para cidades vizinhas 

Apesar da crescente demanda por espaços de acolhimento para idosos em Três Lagoas, a prefeitura mantém convênios com asilos de municípios vizinhos, como Castilho (SP) e Selvíria. O asilo Betel, em Castilho, recebe idosos de Três Lagoas e já acumulou mais de R$ 500 mil em convênios com a prefeitura apenas neste ano. Já o Lar dos Idosos Paulo de Tarso, em Selvíria, recebe recursos que somam mais de R$ 400 mil.

Enquanto isso, o Lar Eurypedes Barsanulpho, único em Três Lagoas, recebe R$ 112 mil por mês, valor utilizado para a folha de pagamento dos funcionários que trabalham no local. A política de terceirização do cuidado com os idosos para outras cidades tem gerado críticas sobre o papel da administração municipal em garantir a assistência social local.
Para Canela, Três Lagoas comporta mais espaços para abrigar esses idosos, haja vista a fila de espera de pessoas interessadas em conseguir uma vaga no lar.  Essa situação evidencia a necessidade de um planejamento estratégico que priorize o atendimento local e o fortalecimento da instituição existente.

Asilo em Castilho recebeu mais de R$ 500 mil

Prefeitura tem projeto para construção de Lar de Idosos

Diante das críticas sobre a falta de investimentos locais no cuidado com idosos, a Prefeitura de Três Lagoas, por meio da Secretaria Municipal de Assistência Social, informou que tem projeto para a construção de uma Instituição de Longa Permanência para Idosos (ILPI) Municipal. A iniciativa visa atender 50 idosos, ampliando significativamente a capacidade de acolhimento da cidade, que atualmente depende de convênios com instituições em outros municípios.

O projeto está em fase de viabilização de recursos e definição do local para a construção da instituição. 

Hoje, a Prefeitura de Três Lagoas mantém três convênios com Instituições de Longa Permanência para Idosos, totalizando 69 vagas distribuídas entre a cidade e os municípios vizinhos. As vagas são divididas entre as instituições: Eurípedes Barsanulfo em Três Lagoas (32 vagas), Paulo de Tarso em Selvíria (16 vagas) e Asilo Betel em Castilho (21 vagas). Esses convênios visam suprir a demanda de idosos que não conseguem permanecer com suas famílias, seja por falta de condições financeiras ou de cuidados adequados.

De acordo com a prefeitura, o Centro de Referência da Assistência Social (Creas) é responsável por acompanhar idosos e suas famílias, buscando fortalecer os vínculos familiares para que o idoso permaneça em casa sempre que possível. Quando a permanência com a família se torna inviável, o Creas realiza o encaminhamento do idoso para uma instituição, onde há acompanhamento social e cuidados especializados.

Desafios e futuro

A criação de um lar municipal em Três Lagoas representa um passo importante para melhorar as condições de vida dos idosos da cidade. Com o envelhecimento acelerado da população, políticas públicas mais robustas são essenciais para garantir que os direitos dos idosos sejam respeitados e que eles possam envelhecer com dignidade. A prefeitura, ao investir em um espaço municipal, pode não apenas reduzir os custos com convênios externos, mas também proporcionar um atendimento mais humanizado e acessível aos idosos da cidade. Enquanto o projeto não sai do papel, a prefeitura continua dependendo de instituições parceiras para acolher os idosos que não podem permanecer com suas famílias.

Veja a reportagem:

 

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