Após 24h de restrição, Santa Casa segue com atendimentos acima da capacidade
Hospital alega crise de superlotação dos serviços de urgência e emergência no pronto socorro e pacientes chegaram a ser realocados nos corredores do hospital
28 ABR 2023 • POR Isabela Duarte/Gerson Wassouf • 11h00A Santa Casa de Campo Grande, hospital que mais atende pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) em Mato Grosso do Sul, está com restrição para receber novos pacientes devido a uma crise de superlotação dos serviços de urgência e emergência no pronto socorro adulto e pediátrico. A medida drástica foi tomada na última quinta-feira (27) e o hospital aguarda retorno do poder público para resolver a crise financeira e a falta de insumos hospitalares.
De acordo com o diretor técnico da Santa Casa, Willian Lemos, a presença de mais de 90 pacientes e a espera de mais 12 para chegarem ao pronto socorro, fizeram com que o hospital precisasse suspender os atendimentos.
“Os pacientes estavam nos corredores da Santa Casa, e isso fez com que a gente precisasse tomar essa medida absolutamente drástica [...] A saída para esse problema tem que ser dada pelas autoridades públicas, é fato que nós temos hospitais que vivem sobrecarregados, então é fácil de concluir que ou a assistência primária não está sendo efetiva ou precisamos de mais leitos hospitalares. Na minha avaliação, precisamos das duas coisas”, explica o diretor.
O balanço do hospital informa que até a quinta-feira (27), a área vermelha estava atendendo 20 pacientes, sendo que a capacidade é de apenas seis leitos. Além disso, são 16 pessoas internadas aguardando leitos de terapia intensiva e enfermaria e, desses, quatro estão em estado grave e entubados.
Já a área verde do pronto socorro tem 64 pacientes e 41 estão aguardando leitos na enfermaria e no centro cirúrgico, o setor tem capacidade para somente sete atendimentos.
Os demais setores também estão lotados, dois pacientes no centro cirúrgico aguardam leitos, sendo um para o Centro de Terapia Intensiva (CTI), o que impede que a sala seja usada para outras cirurgias.
Willian Lemos afirma que o hospital segue sem resposta do poder público municipal sobre a atual situação de superlotação do hospital.
“Nós não obtivemos resposta da prefeitura sobre a nossa situação. Enquanto continuarmos sem condições de atender a população que já está dentro da nossa unidade hospitalar, quanto mais os pacientes que ainda vão chegar. A decisão é restringir os atendimentos do pronto socorro e manter apenas, por força de lei, o atendimento considerado de vaga zero”, explica o diretor técnico.
A Prefeitura Municipal de Campo Grande afirmou que acompanha a situação da Santa Casa e que a Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) irá direcionar os pacientes que têm agravos em que o hospital não é referência no atendimento para outras unidades.
Ainda segundo a nota, “cabe ressaltar que não está suspenso ou restrito o atendimento aos pacientes, a Santa Casa continuará recebendo pacientes de agravos em que é referência, como traumas, por exemplo”.