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120 anos de Gustavo Barroso

A passagem dos 120 anos do jornalista e escritor Gustavo Barroso não mereceu até agora nenhuma menção da mídia. O notável intelectual, considerado brilhante por seus contemporâneos, sofre a restrição de ter pertencido à Ação Integralista Brasileira e formado no Estado Maior de Plínio Salgado, ao lado de Miguel Reale, Raimundo Padilha e tantos outros. Muitos dos quais, aliás, acabaram indo para a esquerda, como os casos de Padre Hélder Câmara, Roland Corbusier, Gerardo Mello Mourão e alguns mais para o centro, como Santiago Dantas e Antonio Gallotti.

Os menos informados não sabem que, naqueles anos, o mundo estava dividido, especialmente o meio intelectual. Eram poucos os democratas puros. Os integralistas tiveram forte penetração nas classes médias, pois formavam um movimento ligado ao cristianismo e combatiam o comunismo. Os governos mais a direita estavam em países que sempre tiveram influência em nossa vida, como eram os casos de Portugal, Espanha, Itália, Alemanha e parte da França. O final da Guerra acabou com os movimentos mais radicais, sendo, no Brasil, marcado pelo fim do Estado Novo.

Plínio Salgado fundou um partido, o PRP, que teve uma bancada pequena, mas composta por homens de grande dignidade, como o senador gaúcho Guido Mondim, os deputados Abel Rafael Pinto, Aníbal Teixeira, Athos Vieira de Andrade, todos de Minas, e mais Alberto Cotrim Neto, grande jurista, pelo Rio. E, em 55, disputou a Presidência da República, obtendo quase 10% dos votos, em campanha modesta. Colaborou no governo JK e foi deputado até 71. Sua mensagem não pode ser entendida nos dias de hoje; era muito nacionalista. Defendia a representação classista e outras posturas que o tempo se encarregou de provar equivocadas. Mas nada retira o valor cultural de sua obra.

Gustavo Barroso foi deputado, exerceu missões no exterior no período Vargas, foi membro da Academia Brasileira de Letras e presidiu a grande instituição por quatro mandatos. Recebeu, da França, a Legião de Honra. Sua obra foi vasta, embora com teses ultrapassadas no nacionalismo, no ódio aos bancos e num antissemitismo deplorável, pois nasceu de uma briga pessoal com o Banco Rothchield e era uma postura meramente emocional. Foi ainda o primeiro diretor do Museu Histórico Nacional. Um nome de nossa cultura, do qual se pode discordar, não gostar, mas jamais ignorar sem estar prestando um desserviço à cultura nacional.

Os artigos de Gustavo Barroso na imprensa eram vibrantes e sua capacidade de argumentação admirada. Nada pode justificar a cortina de silêncio em torno de seu nome e sua obra. Quanto às ideias, é sempre bom lembrar: perderam qualquer sentido, se é que tiveram algum dia. Mas seu valor e seu patriotismo são fatos inquestionáveis.

Aristótels Drummond é Jornalista, Administrador de empresas e Relações Públicas