O mundo inteiro está em festa com a Copa do Mundo. Bilhões de pessoas assistirão ao maior espetáculo do esporte mundial, que acontecerá na África do Sul. Apesar de toda a euforia pela abertura, nunca é demais lembrar os problemas do continente africano e, em especial, na cidade de Johanesburgo, que seis meses atrás era uma das cidades mais violentas do Mundo e em pouco tempo foi “maquiada” para receber os jogos mais importantes do mundial. A cidade, que tem cerca de 3 milhões de habitantes, tem a maioria esmagadora vivendo em extrema miséria, num nítido contraste entre a ostentação de uma copa e a pobreza plena.
Nesse País de contrastes temos problemas claros sobre a infraestrutura e a segurança do evento em si, o primeiro deles é o despreparo das autoridades policiais em lidar com a grande massa e com as consequências que esses movimentos acarretam, portanto, a algazarra e o aglomerado tornam propício um atentado ou um ataque por grupos terroristas, ainda mais após as ameaças do grupo terrorista Al Qaeda em relação a atentados envolvendo as seleções de Holanda e Dinamarca, além da tensão permanente que cercará o confronto dos times dos Eua e Inglaterra.
A ameaça dos ataques em si já seria um sério problema, como já foi testemunhado no ataque à seleção de Togo, em que o ônibus da delegação foi metralhado por atentados terroristas, no começo do ano. Entretanto, as falhas e a inexperiência em relação à segurança causam preocupação por ser relativamente fácil romper com o esquema de segurança e prevenção do próprio evento.
Prova disso foi o amistoso entre Nigéria e Coréia do Norte, em que a falta de segurança ficou explícita no confronto entre torcedores e policiais, que nitidamente mostraram-se ineficazes na contenção de confusões generalizadas, mesmo em um jogo com pouco mais de 10 mil pessoas. A Fifa, por sua vez, lavou as mãos por se tratar de um evento que ela não organizou.
Diante dos sinais claros cabe à organização local e à FIFA corrigirem todos os problemas ao longo dessa semana para que o efetivo primeiro grande teste, a abertura da Copa, possa ser um sucesso, pois, do contrário, o evento poderá ser tornar um alvo em potencial para as ações terroristas, bem como, de ataques de grupos locais como o Movimento de Resistência (AWB), que prometeu retaliações às autoridades por ocasião da morte de seu líder Africânder Eugene Terreblanche.
De uma forma velada, mas cada vez mais presente, existe uma tensão inerente em torno do que pode vir a acontecer, logo, a abertura será o primeiro grande teste, seguido dos dois jogos de maior periculosidade no sábado e no domingo envolvendo as quatro delegações mais ameaçadas de terrorismo. A melhor maneira de combater é investir em um trabalho conjunto das autoridades locais com as agências internacionais já ambientadas com o combate ao terror. A África do Sul não possui qualquer tradição em lidar com células terroristas, o que poderá ser um caos e um temor generalizado, não apenas para as delegações envolvidas com o evento, mas também para os milhares de torcedores que se encontram no País. A segurança sul-africana é extremamente falha e basta a Al Qaeda cumprir a ameaça que o terror irá se disseminar no País, tanto na abertura como nos dois jogos de risco.
As falhas servem de aprendizado para que não se coloque em xeque a realização do maior evento esportivo do mundo fora do eixo Europa/América do Norte, que os poucos dias inspirem a organização para arrumar os últimos detalhes de quatro anos de árduo trabalho para que tudo transcorra com o sucesso almejado.
Antonio Gonçalves é advogado criminalista, especialista em Criminologia Internacional