Não precisa ser ambientalista, técnico ou engenheiro florestal para perceber o quando o homem está destruindo e a natureza reagindo. Com a expansão da agricultura e da pecuária e a sanha indigesta de lucros a todo custo, os proprietários rurais acabam abandonando suas propriedades aos cupins e aos empregados. Nisso resulta que com as ordens dos padrões acabam por destruir áreas de proteção ambiental expulsando os bichos do habitat natural, áreas de reserva, taludes, desvios de córregos, florestas em montanhas, áreas molhadas, e por aí vai. No mesmo sentido, na zona urbana, torna-se lógico que com as mesmas sanhas dos primeiros, os loteamentos são mal construídos, as obras estruturais não realizadas, o saneamento precário, construções totalmente fora dos padrões da lei, com destruição de áreas de permeabilidade (áreas verdes), canalização e alteração dos córregos e rios, aterramento de áreas molhadas, falta de planejamentos asfálticos, abertura de ruas, enfim, modificações humanas que vem em desencontro com a proteção do próprio ser humano. Veja a propósito os Municípios de Angra onde deixaram construir casas próximas de mananciais de água e no sopé das montanhas, no Rio as favelas nos morros, em Recife as palafitas sobre os rios, as casas as margens das praias em Macaé, as construções em áreas de proteção permanente no rio Sucuriú, os depósitos de sujeira jogadas nos rios, lagos e mares e muitos outros problemas. A natureza vem reagindo a tudo isso. Vejam as quantidades de chuvas, variando entre o excesso e o muito pouco, hoje o Rio Grande do Sul possui áreas desérticas e lá, ontem um lugar forrado de rios e córregos, hoje depende exclusivamente das chuvas para seus pastos e lavouras, este é o futuro do Mato Grosso e nosso exemplo é o rio Taquari; as inundações são visíveis em todas as cidades do Brasil, em Campo Grande a canalização dos córregos e o asfaltamento dos bairros, todos os anos traz infortúnios, principalmente aos pobres. O alargamento dos rios estão destruindo as margens e o assoreamento dos córregos, sendo exemplar que hoje em qualquer propriedade rural o córrego de ontem(há 30 anos) com 05 metros, hoje não possui mais que quarenta centímetros de profundidade. Desfiar o rosário de lamentações não é a melhor solução, mas legisladores, governos e administrações comprometidas com a cidade, com o campo e cumprimento efetivo da legislação ambiental, é o maior problema brasileiro, que apesar de não permitir o que se verifica hoje, poucas providências são tomadas pelas Administrações Públicas, que permitem e aceitam a sanha dos lucros a qualquer custo e o desordenado e desplanejado crescimento das cidades brasileiras.
Antonio Carlos Garcia de Oliveira é Promotor de Justiça Ambiental na Comarca de Três Lagoas