Ao passar pela Esplanada dos Ministérios, em Brasília, tem-se a clara sensação de não se estar passando por entre imensos prédios públicos, construídos para gerir e prover o bem da nação, mas sim por imensas barricadas da corrupção, bem estruturadas para abrigar legiões de corruptos e corruptores da pátria. Cada ministério vai se revelando, à mais primária investigação, realizadas por jornalistas de plantão, um balcão de negociatas, uma agência administradora de generosas comissões.
A imprensa nacional sabe muito bem disso e vai, no dia a dia, pautando as ações e demissões do governo Dilma, pautando suas futuras edições. Ontem foi o ministério liderado pelo PC do B. Hoje, do PDT e, amanhã, uma legenda amiga que trocou o calor dos protestos das ruas pelos corredores gelados dos gabinetes federais.
No poder, os partidos de esquerda de outrora, que se postavam de vestais, vão se revelando iguais, previsíveis, bem chegado a uma sombra e sobra institucional. O poder não é corruptor, apenas revela o corrupto que existe em cada um. Acredito que eles nunca lutaram para mudar o Brasil, para construir um país melhor. Lutaram mesmo era para ter os privilégios que nunca tiveram. Agora estão aí, expostos e nus aos olhos da nação. Uma pena….
As ONGs só proliferam país afora e se justificam pela constatação pública da ineficiência administrativa de nossos governantes, pela falta de um projeto de Nação. Tentam transferir responsabilidades, ganhando duas vezes com as ONGs partidárias; cooptado os insurgentes e acertando a verbinha amiga dos companheiros. Isso só vem evidenciar a fragilidade de nossas políticas sociais, tão pontuais que precisam de projetos ‘ousados, caros, arrojados’, para completar aquilo que nossos governos não são capazes de sanar. De quebra, ainda tem uma resposta pronta para a sociedade.
Quando a presidente demite um ministro tendo por base apenas as reportagens veiculadas pela imprensa, sem ter contudo uma prova oficial e contundente, ela vem apenas declarar que no governo é isso mesmo, que os ministérios então aparelhados, e que a velha prática das verbas acertadas estão encasteladas e garantidas como sempre estiveram. É a declaração pública da culpa que condena, a velha notícia da próxima semana.
Tudo isso só acontece por falta da presença do Estado e de políticas institucionais no Brasil esquecido e empobrecido. Ele se torna refém de tudo, moeda de troca diante da completa falta de assistência. É preciso colocar na pauta do dia esse país que vive escondido, pois uma política centrada nele sairia muito mais barata e bem menos desgastante para qualquer governo.
Enquanto isso, uns e outros vão contanto com a complacência de um complexo sistema de propina, tornando este Brasil empobrecido mais pobre ainda e com uma triste certeza de que o crime compensa. Esse é o Brasil real, que faz da suntuosa Esplanada dos Ministérios, uma passarela aberta e declarada da corrupção, bem no meio do coração do Brasil.
Petrônio Souza Gonçalves é jornalista e escritor