Até se entende a euforia do PT pela comemoração da posição do Brasil como 6ª economia mundial. Entretanto, sem desqualificar os méritos do país nos últimos anos, o Brasil foi beneficiado pelo momento de crise e estagnação da economia americana e europeia. Só que ainda está longe de o país ter um padrão de vida de nações desenvolvidas.
Mas não se pode camuflar a verdade: não foi o PT que criou a Petrobras e nem descobriu o pré-sal; a economia brasileira vem sendo construída com o esforço de todos os governos anteriores; o PT não iniciou o seu governo com uma política econômica do marco zero; e graças à solidez da política econômica da era Itamar Franco e FHC – Plano Real (estabilidade da moeda e controle da inflação) – em que o Lula apenas fez alguns ajustes, o Brasil conseguiu galgar a posição de 6ª economia do planeta.
Nessa euforia, onde estão os “milhões” de empregos, com garantias efetivas de trabalho para que o trabalhador possa construir a sua vida familiar? O que existe, em sua maioria, é emprego temporário, e emprego temporário não dá estabilidade a ninguém.
Por outro lado, o governo do PT não se preocupou nesses mais de dez anos com a formação de mão de obra especializada para o mercado de trabalho. Para esta categoria especializada há mercado de trabalho, mas para os demais trabalhadores sem especialização ou experiência não tem emprego. Então, são falaciosas as insinuações governistas sobre a existência excessiva hoje de empregos para todos. Bem, já para os apaniguados políticos sempre haverá uma vaga disponível no loteamento partidário das instituições públicas.
O PT decanta os efeitos positivos da política governamental ao trazer para a sociedade de consumo camadas sociais de baixo poder aquisitivo. Ocorre que os emergentes dos estratos sociais C e D são alimentados pelo Bolsa Família assistencialista e por empregos mal remunerados, cujos efeitos negativos já estão aparecendo no alto índice de inadimplência nos crediários lojistas e cartões de crédito bancários. O “Ipea diz que 37% das famílias não conseguem pagar dívidas”. Essas famílias deveriam bater às portas do governo para pedir socorro.
Agora, vamos falar sério e sem escamotear a verdade. Por mais que o PT não aceite, Itamar Franco e FHC foram aqueles que fincaram as bases da solidez de nossa macroeconomia. E é por isso que o ex-presidente Lula se vangloriava quando falava em “marolinha” para desdenhar a turbulência do cenário econômico internacional, porque sabia que tinha herdado alicerce sólido do governo anterior.
Júlio César Cardoso é Bacharel em Direito e servidor federal aposentado