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Opinião

A população brasileira vai encolher

Em breve, o transplante de órgãos será feito sem a necessidade da doação

A cada dia que vivemos e com o conhecimento adquirido, a expectativa de vida da população mundial aumenta, e, para os que estão nascendo hoje no Brasil, espera-se que, na média, vivam até os 80 anos. Até o final deste século esse índice deve aumentar ainda mais 10 anos.
 
Com o avanço da medicina e da tecnologia, em breve, o transplante de órgãos será feito sem a necessidade da doação e sim por órgãos criados (por) em impressoras 3D. Esse progresso da medicina tem proporcionado hoje o aumento do tempo de vida da nossa população, fato constatado desde que avanços científicos revolucionaram a ciência médica nas últimas décadas.
 
Somando a isso, a taxa de fecundidade tem diminuído. A cada novo estudo apresentado, já com números médios inferiores a dois filhos por mulher, a idade média de nossa população está aumentando.
 
Estamos vivendo o bônus demográfico, momento pelo qual passa uma sociedade quando a maior parte da população está na idade de trabalhar (economicamente ativos), mas, segundo estudos populacionais, deve acabar entre 15 a 25 anos. A partir desse período teremos mais cidadãos com idades para se aposentar e crianças do que a população economicamente ativa.
 
Neste momento é que deveríamos estar cuidando da poupança interna e do crescimento econômico, para podermos ter qualidade de vida e atendermos de forma adequada uma população mais idosa no futuro, mas todos sabemos que não é o que estamos fazendo e construindo.
 
Segundo estudo recente das Nações Unidas, a população mundial no final do século passará dos 10 bilhões de habitantes, com algumas regiões ainda crescendo. De acordo com o estudo, nosso país deverá ainda crescer até a metade do século e depois terá um encolhimento da população, devendo chegar em 2100 com 200 milhões de habitantes, pouco menos do que temos hoje (segundo o IBGE, 204.610.000).
 
Conforme esse mesmo estudo, passaremos dos atuais 10 milhões de habitantes com mais de 70 anos (aproximadamente 5% da população) para 55 milhões em 2100 (27,5% da população).
 
Os efeitos deste encolhimento e envelhecimento já sabemos: aumento da necessidade de recursos da previdência; aumento de custos dos planos de saúde e saúde pública; necessidade de espaços para o cuidado dos idosos; diminuição de necessidade de novas escolas e creches.
 
Enfim, uma nova realidade nos espera no futuro, mas nossa dificuldade é que não conseguimos planejar e agir com visão do futuro, pois os problemas do presente nos assombram com assaltos aos cofres públicos, falta de gestão de governantes e, portanto, sentimos a necessidade de consertar o presente para depois pensarmos no futuro.
 
Tenho certeza que vai nos custar muito caro, principalmente sob a ótica social, quando o momento chegar e não tivermos capacidade de gerar riquezas suficientes para sustentar uma população mais idosa, carente de necessidades especiais e de uma aposentadoria compatível com os custos de vida.
 
O investimento em uma aposentadoria complementar pode fazer a diferença para os adultos de hoje e que serão os idosos do amanhã, e com a segurança que os imóveis proporcionam, buscar através do investimento em uma carteira de imóveis para locação trará a complementaridade e, certamente, possibilitará atender as necessidades que infelizmente nosso Estado não estará apto a atender.
 
* Flávio Amary é vice-presidente do Interior do Sindicato da Habitação (Secovi-SP)