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Opinião

Afinal, para que serve a filosofia?

A palavra Filosofia deriva do grego “Philosofia” e é resultado da junção de 2 palavras: “Philo” que por sua vez deriva de “Philia” que significa amizade, amor fraterno, e “Sophia” que quer dizer sabedoria.
Para a filósofa Marilena Chauí em seu livro ‘Convite à Filosofia’, a Filosofia seria então “A arte do bem viver”. Ou, como foi dito em algum lugar, a Filosofia é “a procura amorosa da verdade pela verdade”.
Embora seja uma ciência tão antiga, precedente ao nascimento de Cristo e cuja contribuição em todos os campos das ciências humanas e exatas é imensurável, o que percebemos hoje, em pleno século XXI é uma visível marginalização de sua importância.
Historicamente, sua degradação se iniciou no século XVII, quando pensadores como Galileu, Kepler, Descartes, Bacon, Newton entre outros anunciaram suas descobertas embasadas em fundamentações estritamente empíricas.
A partir desse período, a Ciência e a Filosofia que estavam atreladas, começam a caminhar em direções contrárias. Isso porque, é a RAZÃO a principal ferramenta da filosofia, que se fundamenta na contemplação, indagação e no esforço do raciocínio para atingir a virtude.
Com o advento do capitalismo veio a necessidade constante de atribuir uma utilidade a tudo e a todos. Aos poucos pensar, analisar e indagar tornou-se tarefa árdua. A impressão que temos é que o movimento de rotação da Terra está em uma velocidade acelerada; o tempo ficou escasso para tantas atividades diárias e os nossos sentimentos e emoções viraram produtos de fast foods.
O verbo “ter” lidera a nossa lista de prioridades e talvez por esse motivo, as ciências mais estudadas nas universidades são aquelas capazes de trazer o melhor retorno financeiro. Por conta disso, quantos estudantes não tiveram que sufocar sua verdadeira vocação e/ou o desejo de sua alma?
Em nossa cultura acostumamos a considerar que alguma coisa só tem o direito de existir se tiver uma finalidade prática muito visível e com resultados imediatos. Quem procura essa finalidade na Filosofia ficará decepcionado ao perceber que ele não trará o resultado esperado em trinta dias como promete aquele aparelho de ginástica multifuncional à venda no Shop Time.
Para o universo particular de muitos, a Filosofia continuará sendo “Uma ciência com a qual e sem a qual o mundo permanece tal e qual”, e cujo emprego da palavra só servirá para expressar conjuntos simplórios de idéias específicas, tais como “filosofia de vida”, ou para descrever momentos poéticos.
E de repente volto ao título desse artigo: Afinal, para que serve a filosofia? Ela desvenda e questiona tudo o que nos é imposto pelo costume, seja por convenção, seja pelo senso comum. Para a Filosofia o que mais importa são as perguntas, a indagação, ela começa dizendo que não sabemos o que imaginávamos saber. Daí a máxima do patrono da filosofia, o filósofo grego Sócrates: “Sei que nada sei.”
Com humildade, nos tira da menoridade intelectual e nos oferece novas idéias, que amadurecidas se tornam novas possibilidades, novas realidades. Está disponível para todos embora poucos a usufruam.
Filosofar não é sinônimo de alienação, muito pelo contrário.
É examinar a realidade, e isso, de um modo ou de outro, todos fazemos cotidianamente, ao se tentar resolver os problemas globais, sociais ou pessoais. Passou da hora de nos libertarmos das amarras de estigmas ultrapassados e partir rumo ao único território onde podemos gozar de liberdade plena: O pensamento.

Ana Laura Repas é Bacharel em Comunicação Social-Jornalismo; Pós-graduanda em Filosofia,Educação e Existência