Veículos de Comunicação

Opinião

Aposta nos novos (e desconhecidos) talentos

Em tempos de crise, a formação e qualificação profissional é uma das saídas para evitar a redução em massa dos índices de empregabilidade. Como nenhuma crise dura para sempre, até mesmo os setores mais atingidos encontram na capacitação de jovens uma excelente ferramenta para preparar seus futuros profissionais e, assim, preservar o capital humano que será um de seus fortes diferenciais para sair à frente de seus competidores, quando a bonança retornar à economia. Os bons gestores de RH estão conscientes disto há anos, tanto que, historicamente, a contratação de estagiários aumenta em épocas de crise. Em janeiro, por exemplo, em um dos momentos mais agudos da instabilidade econômica internacional, o CIEE bateu o recorde de assinaturas de novos contratos de estagiários em um único dia: 1,5 mil estudantes.

A “recessão profunda”, prevista pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), com queda no Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos, Japão e países da Europa, também atingiu o Brasil, mais especificamente nos setores ligados à exportação. Mesmo assim, já surge alguma luz no fim do túnel, como se diz popularmente. Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego, mostram que em fevereiro o país reverteu a tendência de fortes quedas na taxa de desemprego, que despertou tantas preocupações em novembro, dezembro e janeiro. O saldo de contratações e demissões com carteira assinada em fevereiro foi positivo, atingindo a marca de 9.179 vagas, entre as quais 6.231 geradas só na capital paulista. Esse resultado, apesar de tímido e ainda distante dos índices de anos anteriores, mostra a tendência de recuperação da economia, como afirmou recentemente o ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi.

Esse é um momento, portanto, mais do que oportuno para as empresas investirem nos jovens, dando-lhes oportunidades, por meio de programas de estágio ou de aprendiz, lembrando que as duas modalidades de capacitação contam com incentivos fiscais, com isenção e/ou redução de encargos trabalhistas. A estratégia traz benefícios a todos. Os jovens vão se dedicar a uma atividade rentável, por meio da bolsa-auxílio, e poderão também continuar os estudos, enquanto complementam o aprendizado teórico com uma valiosa vivência prática de uma profissão. Para as empresas, trata-se da oportunidade de atrair e formar novos talentos dentro da cultura corporativa, dotando-os de competências técnicas e atitudinais, o espírito de equipe.

É com essas expectativas que o CIEE trabalha há 45 anos, visando facilitar a entrada de estudantes no mercado de trabalho, já contabilizando mais de 8 milhões de jovens beneficiados. São nos momentos de instabilidade que a sociedade deve mostrar força e reagir. Como disse o presidente norte-americano, Barak Obama, em seu discurso de posse, com as crises os jovens não se tornam menos criativos, nem suas mentes menos inventivas ou diminui sua garra em busca da realização profissional. Acreditar nos jovens ainda é o melhor investimento para o crescimento sustentável do País.
 
Luiz Gonzaga Bertelli é presidente executivo do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE) e diretor da FIESP