Entre 7 e 18 de dezembro, a cidade de Copenhague, capital da Dinamarca, recebe representantes de 191 países na COP-15 (15ª. Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima), que buscará um novo acordo climático para reduzir as emissões de gases do “efeito estufa” depois de 2012, quando termina o primeiro período de compromissos do Protocolo de Kyoto. A questão do aquecimento global vem sendo debatida há décadas, mas os alarmes voltaram a soar em 2007, quando o IPCC (sigla em inglês para Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas), divulgou seu 4º. relatório, com um “alerta vermelho”: para que as alterações climáticas não fiquem completamente fora do controle, a temperatura da Terra não poderá aumentar mais do que 2º.C até o final deste século. Para isso, será preciso reduzir as emissões de gases de efeito estufa, como o dióxido de carbono, entre 50% e 85% até 2050!
Os desafios são, portanto, enormes. Aos países industrializados, maiores e mais antigos emissores, cabe o maior grau de redução; mas hoje também os emergentes não devem fugir às suas responsabilidades. Apesar das dificuldades de se chegar a um consenso global na COP-15, principalmente devido às resistências dos EUA e da China, governos, ongs e milhares de profissionais envolvidos com o meio ambiente estão esperançosos. Entre eles, o Brasil, que acredita num acordo e tomou a iniciativa de propor a redução entre 36% e 39% das emissões de gases de efeito estufa no País até 2020. Isso deverá ocorrer principalmente pela redução do desmatamento, mas também pelo consumo responsável dos cidadãos, como o descarte do lixo, e pela adoção de políticas públicas de reciclagem.
A conferência de Copenhague é uma excelente oportunidade para que nós, brasileiros – empresários, cidadãos e governantes –, façamos algumas reflexões sobre nossas atitudes em relação ao meio ambiente. As empresas devem ter uma gestão orientada para a sustentabilidade do negócio, procurando fazer investimentos em tecnologias “verdes”, pesquisas e ações integradas com a comunidade nas quais estão inseridas, além de programas socioambientais consistentes. Já a população deve refletir sobre seus hábitos cotidianos, evitando o consumo desenfreado – que aumenta a quantidade do descarte de embalagens e, de lixo –, procurando modos adequados de descartá-lo sem prejudicar o ambiente. E o governo deveria implementar seriamente uma política ampla de reciclagem, tanto do lixo doméstico quanto do industrial.
A questão do lixo é um grande problema para o mundo, especialmente nos grandes centros urbanos. Quem não se lembra do caos provocado em 2008 em Nápoles, na Itália, pela ausência de coleta do lixo durante meses? Na verdade, o excesso de lixo é produto de uma “necessidade” criada pelo consumismo desenfreado, em que tudo precisa ser descartável. O problema é agravado em países emergentes como o Brasil, cujo crescimento ocorre de maneira desordenada. Aqui, na maioria das vezes, o lixo é transportado para imensos depósitos a céu aberto, sem qualquer cuidado sanitário. Em alguns casos ele é encaminhado para os aterros controlados, que garantem um pouco mais de segurança em relação ao manejo e controle de doenças.
Pensar no planeta como a extensão da nossa casa pode ajudar na preservação do ecossistema e na redução de gases de efeito estufa. Pequenas mudanças de postura devem ser um ponto de partida. Separar o lixo para reciclagem, plantar árvores, adotar a prática de consumo responsável, utilizar tecnologias para reduzir as agressões ao meio ambiente, não desmatar as florestas e incentivar ações sustentáveis são mudanças pontuais, mas essenciais. Se cada um fizer a sua parte, poderemos deixar aos nossos filhos um mundo bem melhor do que o que recebemos.
Eduardo Van Roost é empresário e diretor da Res Brasil, empresa especializa em embalagens com ciclo de vida útil controlado
Opinião