O mesmo interesse que existe entre preservar as margens dos córregos e riachos surge quando se exige a preservação das áreas verdes dos loteamentos. Eu que quando criança, sobrevivi na vila à custa de um campo de futebol de terra, fico entristecido quando vejo a dizimação dos poucos campos de futebol existentes em nossas vilas, atuais e futuras.
Enquanto houver aquele loteamento sem construções vamos ver uma molecada correndo atrás de uma bola. E depois que isso acabar, depois que o loteamento lotar de imóveis, onde vamos jogar bola? No clube? Na associação? A resposta é fácil. Não vamos jogar bola. Aquele velho campo de futebol na terra lá de Bauru acabou, virou concreto, e não eram poucos os campos perto de minha vila.
Puxa, desse jeito a alegria da molecada vai acabando, e vamos vendo a molecada virando esses andróides de vídeo games. Por isso os campos de futebol são tão importantes. As áreas verdes dos loteamentos foram criadas não para serem somente parques verdes para animais e pássaros, mas áreas para gente, gente que precisa de um pouco de árvores, de paz, de pássaros, bancos para descansar, brinquedos e principalmente campos de futebol. Por isso minha indignação na indevida utilização de áreas verdes para construção de presídios, casas, estacionamentos, uneis, etc. Como pode uma cidade que possui mais de 150 loteamentos possuir meia dúzia de praças? E os campos de futebol? Onde é que estão eles? E aquele menino simples, vai poder jogar sua bolinha em qual lugar?
Os clubes existentes são exclusivistas e caros. As Associações são privadas onde grupos homogêneos se juntam nos finais de semana para fazer seus exercícios. E a molecada? Onde vai brincar de bola? Por isso a reflexão imediata na preservação das áreas verdes e árvores. Essas tão preciosas árvores não podem ser cortadas mas preservadas.
A chuva derrubou porque não se cuidou. Bastaria mais zelo e podas para sua preservação. Sombra é bom e todos gostam. Ver os pássaros nas árvores é bom, é bonito, é alimento, é preservação. Tudo a ver entre as áreas verdes e as árvores. Tudo a ver entre campos de futebol, sombra e gente. Preserve o que é seu, porque o futuro nós é que fazemos.
Antonio Carlos Garcia de Oliveira é Promotor de Justiça
do Meio Ambiente e Urbanismo