Dia atrás, quando lia o artigo de Ruy Castro na Folha de São Paulo de 18/12/2009, me deparei com uma situação crítica e me perguntei: “Que mundo é esse em que estamos vivendo?”. Aparentemente uma pergunta fácil de ser respondida, mas que se tornaria muito complicada quando fosse compreendida em sua amplitude.
O artigo falava de fatos ocorridos com a população brasileira e que me impactaram de tal forma, pelo modo de como ocorreram e com quem ocorreram, no caso os jovens de nosso país, e isso me levou a essa pergunta. Teria sido o fato de uma enfermeira ter aplicado morfina em 11 bebês, que devido a tal ato tiveram parada respiratória? Mas o fato é: ela fez isso para salvar os bebês ou para provar que capaz de salvar vidas?
Outra situação que me deixou intrigado foi a de uma mãe ter entregado seu filho recém nascido como garantia para um traficante, em troca de uma pedra de crack. Em Salvador, uma estudante grávida foi morta após ter sido atingida por uma bala que era para seu namorado, a polícia relatou que ele tinha antecedentes criminais, tais como, tráfico de drogas, assalto e homicídio. O rapaz também foi baleado, mas não morreu. Por último e muito dramático foi à morte de uma criança de dois anos na saída de uma escolinha no bairro Tancredo Neves (Salvador), vítima de uma bala perdida quando estava no colo da mãe. Segundo a polícia a bala teria sido disparada por traficantes.
Isso me motivou a questionar, “Que mundo é este em que estamos vivendo?”. Pessoas inocentes pagam por uma dura realidade de violência que vem afetando a todos. O que mais impressiona é o fato de nós nos depararmos com um percentual muito pequeno desses fatos. Ruy Castro diz: “Sim, eu sei, não há muito em comum entre os casos. Exceto pelo fato de que as vítimas são jovens, as mortes, violentas, há sempre uma droga legal ou ilegal na história, e talvez porque já tenham se tornado rotina, apenas uma fração desses casos chega ao noticiário.”
Então, surge outra questão: e nossas autoridades onde estão? O que fazem para garantir a segurança? E o bem estar da população, a integração de jovens no mercado de trabalho, na escola ou universidade?
O fato é que nossos governantes estão mais preocupados com seu próprio bem estar do que o bem estar dos que os elegeram, para eles não interessa se uma jovem filha de uma empregada doméstica, ou uma criança que está no colo da mãe é atingida por uma bala perdida quando saía da escola. Importa sim o dólar na cueca, o aumento de salário dos deputados na câmara, com a acusação de mensalão ou com o terno que irão vestir para ir “trabalhar”, já que muitos têm o auxílio terno.
Um detalhe que não se pode esquecer é o fato do Brasil estar entre os países mais corruptos do mundo, ocupa o 75º lugar no ranking dos mais transparentes segundo a organização de transparência mundial, o país se equipara a Colômbia, Peru e Suriname de acordo com o Jornal do Brasil.
O fato é que não obtive a resposta para pergunta “Que mundo é este em que estamos vivemos?”, a situação em que se encontra o nosso país é desesperadora, só nos resta implorar a Deus, porque se depender dos homens, em especial nossos governantes, o mundo em que vamos viver será outro.
Filipe de Freitas Brauna: É acadêmico de Administração da UFMS – Câmpus de Três Lagoas