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Opinião

Banalização da vida humana

Nos dias atuais a banalização da vida humana é uma realidade. Crimes brutais têm se tornado frequentes por motivos irrisórios como dívidas, intolerância, impaciência e raiva generalizada. A razão para essa falta de bom senso, civilidade e humanidade, decorre das pessoas terem ciência de que no Brasil atitudes ilícitas nem sempre são tratadas com o rigor que merecem. Tal situação torna o ser humano frívolo e apático com relação à vida. No trânsito, por exemplo, uma simples imprudência pode acarretar perda de vidas, e apesar de tal atitude e consequência se repetirem com frequência algumas pessoas continuam a praticá-la. Todavia, o Estado e suas instituições deveriam conter estas atrocidades avidamente o que nem sempre ocorre de fato. Igualmente, a justiça tem se tornado, na maioria dos casos cada vez mais tardia. Novas leis ou leis mais severas têm sido instituídas a fim de se amenizar a forma descartável e materialista com que a existência humana e o fim dela vêm sendo ministradas pela sociedade. A assiduidade dos atentados contra a vida humana torna o homem indolente perante o valor da vida do próximo e o impede de pensar no bem-estar coletivo. Por óbvio, o que falta no mundo moderno são valores morais, educação, cultura e respeito a fim de que o estopim para insanidade homicida de um cidadão não seja a derrota do seu time em um campeonato de futebol ou o fim de um relacionamento. Logo, a vida humana perde o seu valor hodiernamente, pela impunidade e reiteradas falhas na Justiça. Além disso, como afirma a colunista Lya Luft “O verniz de civilidade que nos cobre é cada vez mais tênue”. É cediço que a grande questão que paira sobre o povo brasileiro é de como o Estado, no ápice da hipocrisia garante a vida humana quando a menospreza em hospitais públicos e delegacias. O estado atual de apatia perante a perda de vidas precisa ser modificado, através de novas posturas do ente estatal, que gradualmente refletiriam nas ações da população. Por iguais razões, diga-se que o direito à vida é reconhecido pela sociedade e pelo Estado, e o grande desafio é respeitá-la e vivê-la da melhor maneira possível sem lesar ou suprimir a vida do próximo.

*Hebert Mendes de Araújo Schütz é professor no curso de Direito da UFMS – Campus de Três Lagoas. Lívia Zanholo Santos é acadêmica de Direito.