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Beber ou dirigir?

Beber ou dirigir são duas palavras que não combinam entre si. Muito menos na prática.

O Brasil está aprendendo a consumir menos bebidas alcoólicas forçosamente. Isso porque beber e dirigir é uma perigosa mistura a qual tem sido causa de inúmeras tragédias no trânsito. 


O crescimento da violência no setor, em especial com mortes, exigiu do Governo Federal a adoção de medidas drásticas cuja tendência é reprimir essa evolução assustadora. A nova Lei Seca, com regras importantíssimas, impõe três mudanças: tolerância zero ao motorista que ingeriu bebida alcoólica, dobra o valor da multa e admite uso de vídeo e fotos como prova de embriaguez. 


Álcool nunca foi problema exclusivo dos adultos, pode também – e com frequência assustadora – acometer os jovens. Não se pode esquecer de que o álcool, em qualquer quantidade, é uma substância tóxica e o metabolismo dos jovens faz com que os seus efeitos sejam potencializados. Além disso, não se deve esquecer jamais, da responsabilidade perante o número de acidentes, muitos fatais. Os jovens, na ânsia de consumir bebidas alcoólicas, aprenderam a burlar o bafômetro, a tomarem o metadoxil, a comerem o bombom com licor, a fazerem higiene bucal, e por aí afora. Não há como driblar estes efeitos, mas todos sabem que beber de estômago vazio facilita a ação do álcool, pois a absorção é mais rápida quando não se come nada, o que faz com que o jovem perca mais rapidamente a atenção e o reflexo. Mesmo com pouco álcool no sangue, ele pode causar um grave acidente, devido à influência dessa substância em sua coordenação motora. O álcool atinge a parte física e a parte psíquica, que é a mais perigosa no trânsito. 


As campanhas do trânsito feitas, ultimamente, têm despertado consciências, porém, não são suficientes. A mudança comportamental deve ser radical e rápida, porque chegamos no limite. Uma pretensão, talvez, seria começar a educar os futuros motoristas. Uma educação de base, sólida, que iniciaria desde a pré-escola e terminaria com o 2º grau. Nota-se que o Brasil está tentando fazer algo, porém a Nova Lei Seca não basta. É claro que tudo começa na educação. As crianças e os jovens receberiam o ensino necessário ao trânsito, paulatinamente, aprendendo, assim, a ser um excelente motorista. Porém, os motoristas atuantes e desavisados, que receberem o auto de infração, têm que passar por esse curso, sem exceção. Não seria tão simples, como é agora, mas deveria haver uma cartilha, e o motorista-aluno seria obrigado a fazer um acompanhamento, com provas, pesquisas, trabalhos, tudo que dificultasse para o aprendiz não cometer mais violência no trânsito. 


Parece um tanto utópico, porém, se não começar, rapidamente a fazer algo a este respeito, cada vez ficará pior, mais difícil e o Brasil continuará neste pódio sinistro, recebendo essa medalha sangrenta.


*Cilene Queiroz é escritora e bióloga