Foi o estado brasileiro que inventou essa guerra entre índios e proprietários rurais, então ele que resolva a situação! Pois é, deveria ser assim – o governo resolver a situação – mas infelizmente não é isso o que está acontecendo. Os ministros da justiça e da casa civil nem tentaram dissimular ou fingir; ao contrário, eles já demonstraram que não querem resolver e não vão resolver essa tormentosa questão. O que fazer então? O que podemos fazer diante dessa postura omissa, indiferente, ausente e covarde do governo brasileiro?
Infelizmente muito pouco, pois o povo brasileiro, alimentado pelos “vales” do governo, continuará inflexível na sua costumeira “vida de gado”; os produtores rurais, que são os que teriam que reagir, ainda não entenderam a gravidade da situação… Eles também estão “brincando de índio”!
Entendo que não podemos ceder. A sociedade civil organizada não pode ceder. O Brasil para ser competitivo precisa produzir. O produtor rural não deve ceder, não deve aceitar essa negociação que está sendo engendrada pelo governo federal. O proprietário rural não deve negociar as terras que legitimamente adquiriu. Não podemos transformar nosso patrimônio imobiliário, que é a grande oficina do nosso PIB, em museu rural de história mal contada. Não podemos nos transformar em vassalos de organismos internacionais… E não se esqueçam de que essa história é conhecida:
“Na primeira noite eles se aproximam e roubam uma flor do nosso jardim. E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem; pisam as flores, matam nosso cão, e não dizemos nada.
Até que um dia, o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a luz, e, conhecendo nosso medo, arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada” (Eduardo Alves da Costa, “No Caminho com Maiakóvski”).
Então, é isso! Se quisermos atingir os patamares só reservados aos países de primeiro mundo, vamos ter que abandonar essa “brincadeira de índio” e começar, de forma séria e responsável, uma nova História do Brasil…!
*Antônio Cézar Lacerda Alves é advogado