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Central rica, sindicato morto

Com os 10% sobre a contribuição sindical dados pelo presidente Lula de mão beijada para as centrais sindicais (CUT, Força Sindical, etc.), os radicais passaram a ser sustentados por esse dinheiro e, como era esperado, começaram a fazer estripulias generalizadas.

Recentemente, deflagraram uma greve em Bataguassu, camisas vermelhas, ônibus para transporte dos trabalhadores, faixas, gritaria, churrasco, música sertaneja e muita pinga, o que resultou em excessos, violência e agressão. Coisa horrorosa.

Nesse processo, infeliz e contraditoriamente, os sindicatos estão perdendo poder (ao invés de ganhar), pois são meros coadjuvantes junto aos trabalhadores. Quem paga a pinga e o churrasco? A central. Quem paga os ônibus? A central. Quem paga as faixas, o carro de som? A central.

Então, o presidente do sindicato, pobre-diabo promovido de despreparado e sem dinheiro à categoria de tutelado e sustentado, migalha a migalha, pela poderosa central única já não apita coisa alguma, sequer tem voz ativa em uma audiência na superintendência do Trabalho ou em juízo.

Os trabalhadores, basta olhar as fotos e filmes colhidos no movimento, vestem camisas vermelhas da CUT e não ostentam mais o logotipo do sindicato. O emblema da central se destaca nas faixas e cartazes, ofuscando qualquer sinal do antigo sindicato.

O problema é que os empregados comuns não têm estabilidade sindical. Quando uma greve é organizada pela central, sem as mínimas cautelas legais, sem nenhuma observância dos processos previstos na CLT, toda a massa trabalhadora está sujeita à demissão, à advertência, à mendicância da cesta-básica, ao perdão patronal pelos dias parados.

Não há coragem, determinação, ousadia, orgulho em ser sindicalizado e fazer uma greve realmente justa, dentro dos ditames legais, inatacável em todos os sentidos. Com assembléia, pauta específica, organização dos serviços essenciais, edital, quorum regular, lista de presença e ata bem redigida.

Nada disso. Apenas especulação e desarticulação. O que importa para esses líderes de fancaria é a mobilização, o oba-oba, os gritos de palavras de ordem, as injúrias, o ataque à autoridades constituídas. O que vai acontecer com a arraia-miúda, os trabalhadores comuns, sem estabilidade sindical e sem o talão de cheques da CUT, não importa para eles.

Isso está no passado. Hoje o trabalhador sai para a greve e a mulher fica rezando para ele trazer leite, pão e alguma mistura para a sopa noturna. Sobretudo, rezando para o emprego ainda existir no dia seguinte.

A greve em Bataguassu paralisou um dos poucos frigoríficos que ainda estão de pé, pagando salários, contratando abate e mantendo empregos. Para esses radicais e aprendizes de Lula quanto mais caos, mais fama e citações na imprensa. Holofotes pesam mais do que o emprego e a renda da patuléia.

Para esses radicais, quem lhes paga o salário é o Presidente Lula e não o empregador. Por que iriam se preocupar com emprego ou crise mundial?

O enterro dos trabalhadores de verdade segue acelerado, enquanto a CUT passeia pelos escombros com as próprias sandálias, mantida com farto dinheiro público, sem usar as sandálias do trabalhador comum.

Quando esse trabalhador estiver na rua, desempregado, precisando de ajuda, nem ao celular desses radicais ele terá acesso. O sindicato, enfraquecido, já que perdeu suas garras e dentes institucionais, não poderá ajudar seu associado. Não pagará mensalidade da escola, a farmácia, o feijão com arroz.

Nenhum inimigo do trabalhador teria feito melhor trabalho de destruição. Agora, só resta despir a camisa vermelha e marcar a missa de sétimo dia.

João Campos é advogado especialista em Direito do consumidor