É inegável que o primeiro século da fundação de Três Lagoas, completados em 15 de junho deste ano, foi bastante diferente do segundo, iniciado na mesma data. Com infraestrutura precária, sem investimentos externos que ensejassem um desenvolvimento mínimo fora dos limites da pecuária, a cidade poderia ser condenada a seguir apenas como mais uma entre os 79 municípios do Estado. Porém, o destino salvou Três Lagoas do marasmo.
Por sua geografia, boas condições climáticas e de solo, a cidade tirou a sorte grande. Investimentos vindos de grandes grupos industriais mudaram para sempre o rumo de Três Lagoas nos últimos anos de seu primeiro século.
Não é necessário reprisar publicações do Jornal do Povo – único veículo de comunicação a registrar ininterruptamente dois terços da história dos 100 anos de Três Lagoas – que a instalação das fábricas de papel e de celulose promoveu a metamorfose que a cidade possui atualmente, porque ainda pode mudar ainda mais. Foi a partir destes investimentos – um deles desde ontem sob os holofotes da Operação Lava Jato – que Três Lagoas entrou para o mapa das cidades emergentes.
O levantamento realizado atualmente pelo programa Iniciativa Cidades Emergentes e Sustentáveis (Ices) demonstra a importância do município para as indústrias. O trabalho da Secretaria Municipal de Desenvolvimento compartilha do empenho de dotar Três Lagoas de mecanismos humanizados de crescimento, visando a melhora da qualidade de vida de seus moradores, e corrigindo problemas acumulados por anos nem corrigidos com a promulgação do Plano Diretor de Desenvolvimento, que completa 10 anos em 2016.
Também não é preciso reprisar quais os maiores problemas enfrentados pela cidade. Sua população e visitantes sabem por completo que tem e o que falta à cidade. Mais importante é saber, agora, que qualquer prevaricação de obrigações refletirá no futuro ou para sempre – que o saibam candidatos que se lançam às eleições de outubro.
Na conclusão do estudo apresentado esta semana, técnicos que analisam a cidade por lupa devem consolidar a expectativa de solução para a mobilidade urbana, hoje travada; a construção de moradias por meio de planejamento urbano – onde também possam ser erguidos prédios para escolas, postos de saúde, praças etc – e não um amontoado de casas e pessoas, entre ruas estreitas sem infraestrutura e opções de crescimento.
Três Lagoas deve abraçar o trabalho que deve ser concluído em agosto e entregar em livro dourado ao seu novo prefeito e vereadores, em janeiro próximo, com o compromisso de que se trabalhará por sua execução, mesmo que isso custe correr atrás de empréstimos ou forçar novas parcerias com as empresas que atuam por aqui.
Há um novo século à espera do desenvolvimento de Três Lagoas! E isso não poderá ser ignorado, porque não se trata de uma frase de efeito, slogan ou objeto de campanha política. É fato!
É por um diagnóstico como este que se consolidam o que se sabe, até agora, empiricamente. Por ele será possível apresentar projetos a bancos, como o BNDES e o Banco Interamericano de Desenvolvimento. Também será possível mostrar a investidores que esta é uma cidade de pessoas preocupadas com o futuro da cidade e o legado que deixarão.
O leitor receberá, em poucos dias,a revista dos 101 anos, do Jornal do Povo. E por ela saberá com exatidão o quanto há de riqueza na cidade e o que é ainda possível – e necessário – fazer por ela.