Opinião
Como será 2015?
Quando eu vivi na França, havia uma música que perguntava a crianças como seria o mundo, quando elas tivessem vinte anos, em 2001.
Lembrei dela sem motivo, mas resolvi fazer um exercício de futurologia e imaginar o que aconteceria por volta de 2025, se passarmos por 2012.
Quais seriam as novidades?
Harrison Ford estrelaria mais um filme da série Indiana Jones: “Eu sou a relíquia”. Sylvester Stallone emplacaria “Rocky XXX: Porrada na Melhor Idade”. Macaulay Culkin tentaria obter financiamento para uma nova versão de “Esqueceram de mim”, mas, todos perguntariam: “Quem?”. A saga “O Crepúsculo” teria mais uma continuação: “Obscurecer: Vampiros na Política”, que fracassaria no Brasil, pois todos já conhecem a história… Lucélia Santos voltaria à telinha com “O Retorno da Escrava Isaura”, produzida e exibida só em Cuba. O Kid Abelha regravaria pela enésima vez as músicas de seu primeiro disco. Uma emissora de televisão promoveria um campeonato denominado “Salvadores da América”, em que só times com o nome de certa agremiação paulistana poderiam se inscrever… Maradona finalmente seria reconhecido como o “maior” ídolo da história do futebol, depois de fazer um implante ósseo de 50 cm em cada perna! São Paulo não teria mais congestionamentos: os congestionamentos é que teriam São Paulo! Os EUA inventariam mais uma ou duas guerrinhas, para “aquecerem” sua economia.
Nada disso é imprevisível, considerando o presente e o passado. No entanto, em vez de repetir, reformar, forçar ou fazer infinitas variações sobre o mesmo tema, no que poderíamos inovar e sobrepujar?
Seria possível voltar a ter músicas e intérpretes de qualidade na mídia, sem repetir o passado ou empurrar goela abaixo “ídolos” tão fabricados quanto descartáveis? Ou abolir programas sensacionalistas e “reality shows” na TV? As pessoas teriam condições de educação, cultura, trabalho e saúde suficientes para não mais dependerem da “caridade” da mídia ou da “tosquia” de mistificadores?
As elites entenderiam que a maior ameaça à sua segurança está na arrogância e desprezo com que alguns de seus “ícones” tratam os que não são seus “iguais”, mesmo quando travestidos de benemerentes?
Apenas pessoas competentes e bem intencionadas seriam eleitas ou nomeadas para cargos públicos?
As crianças seriam educadas sem preconceitos e fanatismos, em vez de perpetuarem medos, rancores e ódios seculares?
Bem… Não sei como será o mundo em 2025. Só sei que, hoje, estamos formando quem, lá, legará as consequências de nossos atos e omissões!
Se quisermos um futuro melhor para eles é preciso mudar para melhor já em 2012! E continuar em 2013, 14, 15…
Adilson Luiz Gonçalves é mestre em Educação, escritor, engenheiro, professor universitário e compositor.