Esta semana assistimos a mais um espetáculo do circo montado no Senado chamado CPI do Carlos Cachoeira. Lá compareceu o réu, empresário e contraventor Carlinhos Cachoeira, para explicar sua relação de corrupção ativa com parlamentares, empresários e órgãos da imprensa. Ele entrou mudo e saiu calado, num claro deboche a todos os presentes que fizeram perguntas ao vento. Ao seu lado, o poderoso advogado de defesa Márcio Thomaz Bastos que já foi presidente da OAB, Ministro da Justiça no governo Lula e acostumado a defesas polêmicas, orientava seu cliente a como debochar da justiça dentro da lei.
Nesta mesma semana, li uma publicação da Escola de Direito de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas, sobre uma pesquisa chamada ICJ (Índice de Confiança na Justiça) – Brasil – 1º. Trimestre de 2012. A crise no sistema de Justiça no Brasil não é recente e esta pesquisa mostra como o cidadão brasileiro enxerga algumas importantes instituições democráticas. Vale salientar que é uma pesquisa nacional feita de acordo com métodos aprovados pelo IBGE, com um universo de 1550 cidadãos acima de 18 anos de idade e de acordo com a proporção da população de cada estado brasileiro. Ela mostra algumas conclusões interessantes, que tem muito a ver com o Circo Cachoeira.
No item Confiança nas Instituições, aparece em primeiro lugar as Forças Armadas, com 73% de aprovação do povo brasileiro. A Igreja Católica vem em segundo lugar, com 56%. O Ministério Público aparece em terceiro, com 55%, seguido das Grandes Empresas com 45% e da Imprensa Escrita, com 45%. O Poder Judiciário aparece com 42%, o Governo Federal com 40%, a Polícia com 38%, as Emissoras de TV com 33%, o Congresso Nacional com 22% e em último lugar da lista, os Partidos Políticos, com 5%.
Esta pesquisa mostra bem a desilusão do cidadão brasileiro com algumas importantes instituições e sua confiança clara nas Forças Armadas, como organismo menos corrompido, em comparação aos demais. É a tradução simples de que o cidadão de bem não aguenta mais ver o mesmo espetáculo político circense onde mudam os artistas, mas a história é sempre a mesma. Fica claro que a plateia de palhaços não suporta mais assistir este tipo de espetáculo.
Temos que exigir dentro da lei para acabar com os circos e os artistas de quinta categoria que não sabem fazer espetáculos com um mínimo de decência. Recém foi criada uma Comissão da Verdade para apurar crimes do passado, mas onde está a Comissão da Verdade para crimes do presente? A nossa História está sendo construída hoje e cheia de crimes! Esta é a grande verdade.
Célio Pezza é escritor e autor de diversos livros, entre eles: As Sete Portas, Ariane, e o seu mais recente A Palavra Perdida