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Cara de crápula, voz de crápula, aparência de crápula (seu terninho não engana), comportamento de crápula, família de crápulas.

Não posso achar outra coisa desse tal de Edmar, o deputado do castelo.

Não é crápula por construir um castelo. Por isso, ele é apenas ridículo, old fashion, barrocão. Bem, ridículo já diz tudo.

O que me faz chamá-lo de crápula é a desfaçatez do malandro. Sua ousadia, o desafio lançado contra todos nós: “por que tribunal eu estou sendo condenado”?

Incrível.

Crápula por esconder seu castelinho do imposto de renda, por doar a seus filhos e por acreditar que isso resolve sua malandragem.

Como esse crápula acha que alguém vai acreditar que seus filhos tinham dinheiro para manter um castelinho desse tamanho? Como esse crápula pode acreditar que uma doação poderia ficar fora da declaração de renda?

Crápula por ter sido eleito como corregedor e aceito o cargo, sabendo-se bandido.

Crápula por tentar enganar todo o povo brasileiro. Quem faz o que ele faz, costuma ficar na sombra, nas masmorras da corrupção.

E o que dizer dos crápulas que votaram no crápula Edmar? Suas caras também não enganam. Parodiando Voltaire, ao interpelar Leibniz sobre o terremoto de Lisboa, eu diria que:

Se sabiam que o crápula Edmar era desonesto e não fizeram nada, foram omissos.
Se não sabiam, com todos os indícios já conhecidos, eram ingênuos ou desleixados.
Se podiam julgá-lo e não o fizeram, foram coniventes com as suas trapaças.

Crápulas, todos eles, crápulas.

Crápulas não só por deixarem o crápula do castelo impune, acima do bem e do mal, como, principalmente, por elegê-lo corregedor da casa legislativa!

Eles se merecem, os crápulas do Congresso e o crápula do castelo.

Pensando no sacrifício que ando fazendo para ganhar o meu pão, pagar minhas contas, educar meus filhos e, ao menos, ter um teto para morar, acho que esses crápulas todos deveriam pegar um avião, hospedar-se no castelo do Edmar, fechar as portas e janelas e lá de cima, uma bomba redentora poderia nos livrar desse peso moral, jogada por um piedoso anjo vingador.

Crápula! Crápulas! Crápulas todos nós que votamos nessa cambada.


João Campos é advogado especialista em Direito do consumidor