Todo cidadão torce para que a nossa cidade cresça. Acredita que com o aumento populacional e desenvolvimento econômico, ela passaria a nos fornecer diferenciados tipos de serviços que hoje não estão aqui presentes como lazer, mais especialidades médicas, shopping, restaurantes, etc. Dessa forma, teríamos melhores condições de vida.
Nós, geógrafos e outros estudiosos da questão urbana, sabemos que o crescimento de uma cidade não necessariamente levará ao seu desenvolvimento, podendo em alguns casos, até acontecer o contrário do esperado, ou seja, ao invés de melhorar as condições de vida da população, poderá haver uma degradação do seu estilo de vida. Um grande exemplo disso foi o caso de Cubatão-SP que devido ao crescimento desordenado, com a instalação de usinas siderúrgicas, passou a ser conhecida como uma das cidades mais poluídas do mundo, com bairros de extrema pobreza e grande violência, a ponto de a ONU solicitar ao governo brasileiro intervenção junto ao governo estadual e municipal (anos 80). Hoje a cidade é exemplo de recuperação urbana.
Entendemos que o crescimento econômico de uma cidade ou de qualquer outra região deve ser bem acompanhado pelo poder público, antes que este perca o controle das demandas que a população crescente exigirá. Aqui entra a questão do planejamento urbano, calcado em um Plano Diretor bem elaborado. É importante que o poder público tenha uma visão global da vida e das necessidades urbanas, dando maior importância aos aspectos sociais e à urbanização.
Sabemos que o tecido urbano é alvo de disputas entre os diversos atores que vão atuar na sua construção: comerciantes, rede bancária, corretores de imóveis, industriais, políticos, ordens religiosas, sindicatos e o povo em geral. Pelo bom senso, os governos deveriam procurar atender primeiro as necessidades das classes mais carentes, garantindo-lhes acesso aos serviços de que mais necessitam. Infelizmente, com exceções, o poder público, na ânsia de mostrar que ajuda o desenvolvimento econômico e/ou tendo interesses em priorizar certos grupos, deixa de avançar na melhoria dos serviços prestados por ele à população.
Desenvolvimento significa melhoria da qualidade de vida de um povo, não importando o tamanho da cidade em que se vive. Dados do IBGE nos mostra que os melhores índices de vida de nosso país estão nas cidades de pequeno porte, sendo que as maiores são exceções. Oferecer ao povo bons serviços de saúde, de educação, lazer, habitação, segurança e urbanização é que irá proporcionar ao cidadão meios para um bom desenvolvimento de suas potencialidades individuais e coletivas, na medida em que suas necessidades básicas estarão sendo atendidas.
Os dirigentes públicos tem a obrigação de direcionar sua administração ao encontro das necessidades essenciais da população, caso contrário estará contribuindo para a construção de uma provável situação caótica do tecido social urbano. Prevenir sempre sairá mais barato que consertar!
Prof. Petrônio Filho – Geógrafo e Bel. Direito e vice-presidente do SINTED