A economia cresce no interior do Brasil e as redes de franquias crescem no mesmo ritmo e direção. Nesta semana, uma das matérias publicadas pela revista Exame foi sobre a ascensão da economia e consumo no interior do país. Segundo a reportagem, surgirão no país, até 2020, cerca de 11 milhões de novas pessoas nas classes A e B. Grande parte deste contingente deverá ser impulsionado através do crescimento econômico das cidades do interior.
Opinião
Crescimento econômico no interior impulsiona setor de franquias
Muitos destes locais serão beneficiados pela expansão do agronegócio, exploração de minérios e petróleo e da migração das indústrias das grandes metrópoles, que buscam conquistar novos mercados e obter uma mão de obra mais barata.
No ramo de franquias, acontece um movimento semelhante. Muitas redes aproveitam este crescimento econômico e traçam seus planos de expansão vislumbrando atender estes novos mercados. Nichos que antes eram vistos como de baixo potencial, agora, com a ascensão da classe média, passam a fornecer subsídios interessantes para o crescimento destas redes de franquias.
Um exemplo disso é a nova estratégia do Grupo Multi, proprietária das marcas Wizard, Skill, Yázigi, Microlins, SOS Educação Profissional, People e Smartz, o qual prevê um novo formato de mini franquias para atender as cidades de 20 mil a 50 mil habitantes. Enquanto os seus concorrentes focam em cidades com maior número de habitantes, o Grupo Multi pode sim, ter acertado em cheio nesta nova estratégia.
De acordo com os dados do IPC Target, o país possui 1.053 municípios entre 20 mil e 50 mil habitantes, com aproximadamente 32 milhões de habitantes e com um consumo de 10,6% do mercado total brasileiro. Um baita mercado que é geralmente explorado por players locais, que muitas vezes não possuem o mesmo nível de competitividade das grandes redes de franquias do país.
Outro grande exemplo que retrata a força do interior é a rede de franquias Cachaçaria Água Doce, inaugurada no início da década de 90, em Tupã, cidade do interior paulista com aproximadamente 70 mil habitantes. Com a proposta de ser uma opção de alimentação com o foco na cachaça e na culinária mineira, a rede já conta com 100 unidades no Brasil. Atualmente, 94% destas unidades estão localizadas no interior.
Com cerca de 150 milhões de pessoas e um consumo que representa 64,8% do total do mercado nacional, sem dúvida alguma, concordo plenamente que o interior é a bola da vez. Este migração do eixo econômico rumo ao interior é uma tendência decorrente da necessidade estratégica do país, em que o próprio governo estabelece diretrizes para levar o desenvolvimento econômico e social para as regiões menos favorecidas.
Na prática, injetam-se muitos recursos governamentais para projetos locais, e como consequência, surgem novas demandas de serviços e produtos, o que acaba incentivando a chegada de novos competidores a estes mercados.
O fato é que os pioneiros a desbravarem estes mercados, terão uma relativa vantagem competitiva, pois terão maior tempo para se adaptarem às necessidades do público local e terão a chance de fortalecer a sua marca junto à população.
A corrida já começou. Se você ainda não considerou a hipótese de explorar a economia do interior, é bom começar a agir. Provavelmente, já tem um concorrente seu por lá!
*José Carlos Fugice Jr é administrador de empresas especializado em franquias e varejo com MBA em administração de empresas pelo CEAG FGV/SP, com experiência em mais de 150 projetos de franquias. É fundador da GoAkira Consultoria Empresarial.