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Crise e Responsabilidade

É preciso cautela e responsabilidade no momento em que os indicadores confirmam que a crise é grave. E varre o mundo, corroi o patrimônio financeiro de milhões de poupadores nos mercados financeiros, que assusta pela grandeza dos números mobilizados pelos diferentes governos.

Na verdade, empresas em dificuldades significam trabalhadores sem emprego e, portanto, as linhas de crédito devem ser direcionadas para a produção e endividamento alongado. O agronegócio precisa de uma ação política ágil, que faça escoar a produção e alivie este ano os produtores no que toca a compromissos financeiros.

A inflação, que parecia ter desaparecido do mundo, pode voltar. Afinal, de onde sai tanto dinheiro dos pacotes dos EUA e dos países mais ricos da Europa e da Ásia? São emissões que são feitas. É um dinheiro que entra no circuito da economia, nem sempre da forma mais racional.

O que se deve fazer é mesmo investir em obras, preparar os países para a volta da normalidade. O apagão na infraestrura não é só nosso. Os aeroportos dos EUA e da Europa estão insuficientes e exigem investimentos. A própria Chicago do presidente Obama tem sido evitada como ponto de conexão pelo aeroporto saturado e o de Buenos Aires tem uma estação de passageiros acanhada e permanentemente congestionada. Logo, em todo mundo, não faltam obras por fazer – sem falar nas estradas que podem integrar mais o Brasil com o Peru e o Chile, com vistas ao uso de portos do Pacífico.
Não se percebe muita integração entre os atingidos pela crise. E, como a globalização colocou a todos no mesmo barco, as políticas de combate à crise deveriam ser comuns, com prioridades definidas. É um erro a tentação irresistível ao protecionismo, que só serve para agravar a crise e provocar um retrocesso no processo de desenvolvimento do mundo.

Desviar a atenção da crise é um risco. Assim como mergulhar na politicagem, nos movimentos enganadores, como os de alguns de nossos vizinhos. Estes, para desviar a atenção popular do mundo real da crise, podem tornar nosso continente conflagrado de tal forma que nem teríamos como ficar alheios a estes movimentos. Isso seria um recurso inócuo.

E, quando se fala em responsabilidade, vem logo a lembrança de que políticos pouco criativos e empresários pouco escrupulosos acham que a guerra é uma maneira de movimentar dinheiro. Temos a crise de Gaza, as ameaças do Irã, a confusão do Afeganistão e as loucuras na África, conflagrada, entregue à corrupção, à violência e a doenças que chocam o mundo civilizado. É preciso gente de talento para que a crise não venha matar as esperanças de tantos que começavam a entrar no mercado de consumo e a usufruir das conquistas do mundo moderno. Realismo, pragmatismo e muito juízo. É do que precisamos.

Aristóteles Drummond é Jornalista, Administrador de empresas e Relações Públicas