A sonoridade da frase já é conhecida. Ela foi dita pela primeira vez durante a fase preliminar do processo eleitoral de 2010. O governador André Puccinelli, depois de findas as tentativas de composição com o PT (quadro que ficou conhecido como: “Esperando a Noiva”), teve que se apresentar para o duelo. E, se antes, para o caso de composição com o PT, precisava negociar vaga do senado (e havia vários candidatos “naturais” do PMDB no páreo: Moka, Valter Pereira e Murilo), mesmo sem a composição o problema continuou, pois surgiu um novo nome de “interesse pessoal” do governador no elenco de candidatos da chapa: Simone Tebet, Prefeita de Três Lagoas, ao cargo de vice-governadora…!
Opinião
Cuidar dos netos...
Foi aqui, nesse exato momento, que a frase “cuidar dos netos” foi dita pela primeira vez. E, por quê? Muito simples: ao lançar a filha de um saudoso amigo e leal companheiro ao cargo de vice-governadora ficariam evidentes duas verdades, que precisavam ser ocultadas a qualquer custo: 1) André almeja ser candidato ao Senado, pois trocou seu antigo vice para deixar no governo, quando renunciar, uma pessoa de sua confiança; 2) Com a renúncia de André para ser candidato ao senado, Simone, como vice, assumirá o governo e o único cargo ao qual poderá concorrer sem ter que renunciar é o de governadora (reeleição); cuja situação confrontaria com o interesse de Nelsinho Trad, candidato natural do PMDB à sucessão de André!
Então, na tentativa de combater as especulações que seriam suscitadas pelo convite da vice, foi usado pelo governador, como VACINA, o anúncio antecipado de que não renunciaria ao cargo de governador, que terminaria o mandato, que não sairia candidato ao Senado… Enfim, que abandonaria a política para CUIDAR DOS NETOS!
Em minha opinião, entretanto, todas as especulações já estão descartadas e o imbróglio está totalmente superado, pois Simone já se manifestou em várias oportunidades que não deseja ser candidata ao governo e, por outro lado, a candidatura de André ao senado se faz necessária ao PMDB e se trata de um caminho natural. Aliás: Wilson, em 1986, quando renunciou ao governo, em favor de seu vice Ramez Tebet, e saiu candidato ao Senado, fez a coisa certa e depois retornou ao governo; Pedrossian, em 1994, ao não renunciar ao governo para sair candidato ao senado, fez a coisa errada, e a consequência apareceu na eleição seguinte; Zeca, em 2006, ao preferir terminar o mandato, ao não renunciar ao governo em favor de seu vice Egon Krakhecke, ao não sair candidato na chapa de Delcídio fez a coisa errada, e todo mundo sabe das consequências.
Então, por todas essas razões, estou convencido de que o governador André Puccinelli, uma das mais expressivas lideranças políticas de Mato Grosso do Sul, saberá entender que a sua vida pública ainda está muito viva, que o momento não é de deserção, e, que ele é muito importante para o seu partido… E, por outro lado, não tenho dúvida de que os seus netos e o tapete da sala de estar, com certeza, saberão esperar, esperar, esperar…!
*Antônio Cézar Lacerda Alves é advogado