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Delenda Mercosul

Já utilizei dessa expressão em artigo anterior e isto há algum tempo. Mantenho a opinião. Essa união de esforços por uma tarifa comum nas trocas comerciais entre quatro países sul-americanos está totalmente desfigurada.

Essa desfiguração vem de algum tempo, diria, desde quando de uma política de convergência comercial entre os países membros, passou-se a uma de convergência de princípios ideológicos, a que se soma ainda a prepotência de um deles – que por interesses de sua economia interna contraria os altares da soberania e autodeterminação dos parceiros.


Explicitando: Quando o Brasil se submeteu e se submete aos caprichos econômicos da Argentina em operações recíprocas (com incalculáveis prejuízos a setores da economia nacional), para atender a uma política de “bonzinho”, típica do lulopetismo internacional; quando o Brasil, desprezando uma decisão de política interna de país soberano, alia-se a outros membros com a intenção deletéria de raízes ideológicas aprofundadas e alija o quarto parceiro, só não o deixando a míngua em razão de interesses comerciais valiosos a preservar. É patente ser intensa e recíproca as relações brasileiras com a Nação Guarani.


Encontros de cúpula se repetem periodicamente e são tratados com o mesmo diapasão de vozes, política rasteira onde se discute conflitos de fundo ideológico: Lembro a interdição do avião presidencial boliviano; a política de espionagem eletrônica americana; o hipócrita agrado ao Paraguai após a desfeita que lhe fizeram afastando-o da cúpula do Mercosul; o ciúme da aventada união dos países de origem hispânica México, Chile, Peru e Colômbia a fim uma aliança comercial para o Pacífico que retira a substância institucional do Mercosul na integração econômica, comercial e social do Bloco. Como afirmou o conceituado articulista Celso Ming, o Mercosul “está se transformando num organismo político de eficiência duvidosa”.


Há dias visitei as duas Bela Vista, a nossa e a paraguaia, de lá ouvi as vozes irmanadas de paraguaios e brasileiros, uníssonos contra o reingresso pleno do Paraguai no Mercosul. O Paraguai especificamente pelos seus nacionais não ganharia nada após a desfeita que sofreu e poderá sofrer se reentrar no Bloco.  Dos brasileiros ouvi que o Brasil nas relações comerciais com o Paraguai não precisa do Mercosul, já que o intercâmbio econômico e social com o país, que tem como irmão, lhe é extremamente útil.


Para concluir, os entraves que essa aliança já criou para o Brasil, inclusive pelos embaraços impostos às relações ou alianças com outros blocos comerciais, indicam que a boa ideia é se afastar do Mercosul enquanto há tempo.

*Ruben Figueiró é senador da República