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Democracia do livro e a formação dos jovens

Mapeamento do quotidiano dos alunos com melhor performance no Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica), exame bienal destinado a aferir o nível de estudantes brasileiros do Ensino Fundamental e Médio em português e matemática, evidencia a importância da leitura para o aprendizado. É o que se pode depreender de uma das conclusões do Ministério da Educação: ter boa oferta de livros na biblioteca de casa e dispor de espaço onde a criança possa dedicar-se exclusivamente aos estudos são dois fatores que contribuem para o bom rendimento escolar.
A constatação referenda vários estudos, nacionais e estrangeiros, sobre o significado da leitura para a formação acadêmica e cultural das crianças e jovens. Em todas as pesquisas sobre o tema fica clara a relação direta entre os hábitos de leitura, não só de obras didáticas e paradidáticas, como de literatura e conteúdo geral, e a maior facilidade de aprendizado. Os livros também são essenciais para o desenvolvimento do caráter e da criatividade e para que as pessoas adquiram cultura geral, requisito cada vez mais importante na vida e no mercado de trabalho.
Infelizmente, porém, a distribuição de renda no Brasil, ainda bastante desequilibrada, não permite que numerosas famílias ofereçam a seus filhos amplas possibilidades de leitura. Assim, são imprescindíveis a disseminação de bibliotecas públicas. Do mesmo modo, tornam-se prioritários programas capazes de multiplicar o acesso ao livro para as crianças e jovens matriculados na rede estatal de ensino, como o projeto Minha Biblioteca, iniciado em 2007 na cidade de São Paulo, uma iniciativa semelhante na cidade de Sorocaba, no Interior paulista, e a atualização dos acervos e ampliação do horário de atendimento das bibliotecas municipais de Salvador, na Bahia.
Outro passo importante foi a recente aprovação, na Comissão de Educação, Cultura e Esporte  do Senado, do projeto de lei 278/08, que autoriza a criação da Cesta Básica do Livro. Trata-se de proposta do senador Cristovam Buarque (PDT-DF), autorizando o Governo Federal a distribuir, a cada bimestre letivo, dois livros de literatura, ficção ou paradidáticos, às famílias com filhos entre seis e 18 anos que estudem em escolas públicas. Que seu trâmite seja rápido nos plenários do Senado e da Câmara dos Deputados!
 Todo esforço deve ser feito para atender a uma emblemática recomendação da Unesco (União das Nações Unidas para a Educação e Cultura): “As bibliotecas são essenciais ao fluxo livre de idéias e à manutenção e aumento da disseminação do conhecimento”. Ou seja, o desenvolvimento brasileiro passa, necessariamente, pela democratização do acesso ao livro.

Rosely Boschini, da Editora Gente, é presidente da Câmara Brasileira do Livro (CBL)