Como passou a ser de praxe, estamos acompanhando mais um roteiro de escândalo político no Brasil. A questão é: O senador Demóstenes Torres é mais uma dessas ilusões óticas do cenário político nacional? Na mesma hora em que lançamos a pergunta, achamos difícil responder a ela, já que o senador goiano se apresentava como um ser “do bem”, com boa oratória e oposicionista aos governos do PT.
A imagem que refletia era de estar acima do bem e do mal. Era presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado Federal e dono de um brilhante currículo na área do Direito, vindo do Ministério Público Estadual. E para se reeleger, somou mais de 2 milhões de votos em 2010.
Essa efígie positiva foi, todavia, quebrada pela grande mídia quando expôs gravações da Polícia Federal demonstrando o envolvimento do político com um bicheiro conhecido por Cachoeira.
Quão difícil é sentir tanta tristeza vendo um Senador da República pago pelos impostos a serviço do submundo dos jogos ilegais. Nas gravações, Demóstenes parecia estar mais focado no acolhimento dos interesses do amigo Cachoeira e sua atividade ilegal do que nos direitos da coletividade.
Mas vamos pensar maior. Nesse momento, parece que Demóstenes está sendo colocado no fogo eterno, entretanto é somente a pontinha do iceberg. A política brasileira é um imenso mar de lama. Parecem existir outros políticos envolvidos com Cachoeira, o que aponta para a iminência até de um tsunami.
O dilema ético está posto e pode dar margem a muitas interpretações, mas, como resultado do momento no prisma da política com “P” (maiúsculo), Demóstenes se configurou como uma imensa ilusão ótica, ou melhor, uma alucinação de votos. Possivelmente, o que muitos de vocês estejam pensando é que, além do referido Senador, há muitos outros políticos com atitudes decepcionantes – ilustro com os casos do mensalão e as baixas dos ministros de Dilma.
Na verdade, até mesmo partidos podem estar sendo entendidos como ilusão ótica. Por onde anda a esquerda desse país? Cadê os partidos que se diziam defensores dos trabalhadores?
Cabe refletir: quantos políticos estão exercendo mandato pensando apenas em si próprios? Alguns se utilizam da função para empregarem parte dos parentes e dos bajuladores. Já outros mantêm negócios com o Executivo por meio dos “laranjas”. Esses políticos mal intencionados podem até fraudar licitações.
Se você observar com cuidado, verá que o mundo está cheio de pessoas eficientes com boas ideias e intenções, mas que se recusam a entrar na política. O mais provável é que os maus políticos causem repúdio a essas pessoas de bem. Assim, a sensação que temos é de que há uma longa espera por um Brasil melhor. Seria uma utopia, um sonho ou uma ilusão ótica querer um país mais humano, digno, igualitário e menos corrupto?
Então vem a questão chave: O que pode ser feito para tornar o sonho em realidade? Uma grande jornada se inicia com o primeiro passo; então, vote certo! Chega de tantas (des)ilusões óticas.
Marçal Rogério Rizzo: Economista, professor da UFMS – campus de Três Lagoas: E-mail: [email protected]