O ex-presidente norte-americano, Bill Clinton, em seu mais novo livro, “De volta ao trabalho”, coloca em destaque uma questão importante para os Estados Unidos, mas que também guarda estreita relação com o Brasil: “nossa capacidade de competir no século 21 – escreve ele – depende de nossa vontade de investir em infraestrutura: precisamos de internet banda larga em larga escala, energia disponível em todo o País, sistemas modernos de água e esgotos, e melhores aeroportos, trens, estradas e pontes”.
Acredito que esta agenda política – comunicação mais rápida, política energética eficiente, ênfase no social e melhorias no sistema de transporte – tem característica transnacional e independe da posição ideológica deste ou daquele Governo.
A assertiva de Clinton é tão verdadeira que o Brasil, por exemplo, vem fazendo esforços e investindo significativos recursos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), voltado especialmente para as questões de infraestrutura.
É certo que o debate sobre a melhoria da nossa infraestrutura não começou ontem. Da extraordinária visão do Visconde de Mauá à Juscelino Kubitschek, do desenvolvimentismo dos governos militares à Fernando Henrique Cardoso, passando por Lula e chegando à Dilma Rousseff, o tema, com distintas ênfases, sempre esteve presente na agenda de nossos governantes.
Mesmo com crises financeiras, ajustes macroeconômicos, recessões episódicas, o Brasil tem avançado. No entanto, o País ainda se ressente de carências enormes, desigualdades sociais e evidentes falhas na área da infraestrutura. As mudanças são lentas quando comparadas às demandas da sociedade. Esta é a verdade.
O Relatório da Competitividade Global 2011-2012, publicado neste ano pelo Fórum Econômico Mundial é um retrato sem retoques do estado atual das condições de disputa de mercado das diversas nações. Este documento assinala que a infraestrutura é essencial para o funcionamento da economia e importante fator para a estabilidade socioeconômica.
O Brasil, a despeito dos deliberados esforços dos dois últimos Governos (FHCe Lula), ainda está longe do ideal. Consideradas 142 nações, o Brasil, no quesito qualidade geral da infraestrutura, ocupa uma nada invejável 104a posição, atrás de Namíbia, Albânia e Armênia, por exemplo.
Esta realidade, contudo, não deve condenar-nos ao conformismo, ou à lamentação. Não temos permissão para sermos pessimistas. Pelo contrário, o Brasil, com seu extraordinário potencial de recursos humanos e naturais, dispõe de um admirável horizonte de crescimento e desenvolvimento.
A proximidade de dois megaeventos globais de insuperável visibilidade e repercussão – a Copa do Mundo e as Olimpíadas – nos impõe um desafio raro, que merece nossa mais determinada atenção e nosso melhor empenho. É a grande oportunidade de o Brasil mostrar ao mundo que conseguiu efetivamente superar o subdesenvolvimento.
A crescente participação da iniciativa privada nacional e estrangeira em diversos empreendimentos tem evidenciado os atrativos de uma economia sólida e próspera, com senso de direção e segurança. Isto proporciona mais serviços e qualidade de vida para um número cada vez maior de brasileiros, que já não são constrangidos a conhecer e experimentar as inúmeras privações de seus antepassados.
Um exemplo basta: a privatização do sistema Telebrás mudou a realidade do brasileiro. Quando as empresas privadas de telefonia entraram no mercado, em 1998, havia apenas 22 milhões de telefones em operação no país. A instalação demorava cinco anos. Lembro-me que cheguei a pagar o equivalente ao valor de um carro zero em uma linha telefônica fixa na década de 70.
Após a privatização, em menos de uma década, o acesso entrou no caminho da universalização: até o fim de 2005, já havia 125 milhões de aparelhos em funcionamento – entre telefones fixos e celulares. Hoje, o número de acessos na telefonia móvel no país já supera o de habitantes: são mais de 232 milhões.
Atualmente, imune aos dogmas da ideologia totalitária, o Governo da Presidente Dilma Rousseff tem prestigiado a livre iniciativa e o mundo empresarial, confiando-lhe atividades outrora monopolizadas pelo Estado. Aeroportos, estradas de rodagem e de ferro, entre outros, tornam-se objeto de participação do capital privado, mostrando desde logo os inúmeros benefícios decorrentes para toda a população brasileira. A simples mudança de mentalidade já representa um avanço significativo, embora insuficiente, na medida em que a sociedade progride economicamente e passa a aspirar e exigir mais e melhores serviços.
Nossa região, o Centro-Oeste, tem vivido nos últimos anos um momento especialmente positivo para sua economia, com avanços notáveis na agricultura e na pecuária, na indústria e nos serviços. O Mato Grosso do Sul, sob a liderança do Governador André Puccinelli, tem investido decididamente em educação, saneamento básico e infraestrutura. Ninguém questiona o intenso processo de modernização que estamos vivendo.
Não podemos perder o essencial de vista: o Brasil vive seu melhor momento e devemos ser sábios para aproveitar essa oportunidade concedida pelas especiais circunstâncias históricas.
Antonio Russo Netto (PR) é senador da República por Mato Grosso do Sul