* Benedicto Ismael Camargo Dutra
O mundo permanece regido por instituições que foram estruturadas após o término da Segunda Guerra, em função de interesses imediatistas, numa fase em que a população mundial era inferior a três bilhões de seres humanos. Atualmente este contingente ultrapassa a casa dos sete bilhões. Com o crescimento, ocorreu o aumento das demandas, mas ao mesmo tempo faltou a compreensão do significado da vida e de planejamento para corrigir as distorções e acompanhar as mudanças.
A pressão gerada pela luta pela sobrevivência da superpopulação, direcionada pela astúcia e prepotência, está aumentando. Na mesma proporção, amplia-se o descontrole emocional nos relacionamentos, provocando aumento do pânico e do estresse. O mundo está perdendo o seu ordenamento, os atritos se multiplicam fazendo o caos avançar, pois não houve o preparo fundamental da espécie humana para evoluir e atender a tantas demandas.
As estruturas existentes não mais estão suportando as pressões que surgem de todas as direções. Multidões de pessoas estão desorientadas. Há um desordenamento do mercado global decorrente da falta de consideração, controle e disciplina, querendo uns aniquilar os outros na guerra econômica. Hoje vemos as invasões dos mercados, junto com as mercadorias de baixo custo; também segue a precarização reinante onde falta a consideração e o respeito pela dignidade humana. No entanto, muitos empresários ficaram viciados em importar e produzir no exterior para vender no mercado interno, esquecendo que este precisa da nutrição do investimento para não definhar.
Em seu ciclo, quando o dinheiro fica fácil e barato, os governantes fazem financiamentos e aplicam mal os recursos, fora o que acaba sendo desviado. Depois se percebe que as contas estão desequilibradas. Vem o aperto para espremer o que se pode para o serviço da dívida e não deixar que as contas explodam. A vida fica mais difícil e essa situação permanece até a chegada de novo ciclo, sem que sejam buscadas soluções duradouras que possibilitem progresso equilibrado das nações.
Atualmente a população mundial se sente desorientada e se apresenta agrupada em torno de alguns objetivos. Há os que têm como prioridade exclusiva da vida ganhar dinheiro. Há os que estão revoltados contra os que ganham dinheiro e pensam que a solução está em acabar com a livre iniciativa. Há os revoltados contra tudo e contra todos e querem a destruição geral. Há também os que não querem nada com nada, nem escola nem trabalho, só farras, bebidas e prazer, pouco se importando com o futuro.
Mas existem uns poucos que se preocupam com o significado da vida e que anseiam pelo aprimoramento da espécie humana e beneficiamento geral, visando a paz, o progresso e a felicidade. Estes ainda se sentem solitários nesta Terra onde somente deveria existir beleza e alegria.
Lutas pelo poder e interesses particulares mantêm o mundo em suspense. Há muito noticiário ruim agravando a percepção da população. É hora de examinar onde houve a falha que está gerando as mais inóspitas condições de vida no planeta e perceber que o mundo é regido por leis naturais, que estão acima de todo o poder humano, as quais devem ser reconhecidas para promover o progresso e a felicidade, mas foram relegadas a plano secundário pela mania de grandeza dos homens, e estes, porém, não poderão fugir das consequências; terão de colher a mesma espécie, resultante daquilo que semearam. O futuro depende de cada um de nós, de nossa perseverança em forjar um viver digno da espécie humana em continuada melhora. Precisamos de governança incorruptível que busque o progresso humano de forma continuada.