Ainda lembro quando criança de algumas comemorações escolares, tal como festas juninas e competições esportivas, nas quais a falta dos pais era algo comum. Ocupados demais com seus afazeres profissionais ou viajando a negócios, deixavam estas atividades para as mães, em geral donas de casa ou profissionais com cargos menores. Este cenário transformou-se radicalmente nos últimos tempos. O avanço das mulheres nas organizações é cada vez mais frequente, assim como a nova geração de pais modernos e participativos.
Apesar de toda esta reviravolta, são ainda as progenitoras, as grandes homenageadas por seus filhos. Compare os movimentos no comércio e nos restaurantes em ambas as datas. O mês de maio saltará aos olhos em comparação a agosto. Para alguns setores, esta é uma das datas de maior faturamento, comparável ao mês de dezembro.
Considerando que em geral as vendas do primeiro trimestre costumam ser fracas, consequências dos gastos de natal, férias, impostos de começo de ano e início das aulas, este é o momento para recuperar o faturamento e as margens de lucro.
Dentre os segmentos beneficiados, há os tradicionais como vestuário: roupas, sapatos, acessórios e cosméticos, assim como os tecnológicos, composto por celulares, smartphones e tablets, voltados para as mais moderninhas. Apesar de já ter escutado diversas mães apregoando que não apreciam utensílios para casa, incluiria ainda como hits os televisores de grande formato assim como os eletrodomésticos, os quais, diga-se de passagem, estão cada vez mais sedutores, seja por seu design ou contemporaneidade.
Como bons brasileiros, aprendemos desde cedo a deixar tudo para última hora. Minha filha de oito anos comprova que apesar da tecnologia introduzida nas escolas, é na véspera que se estuda. Tal comportamento se reflete enquanto consumidores. Basta comprovar o movimento nos centros de compras na primeira semana de maio. Como pouco se pode fazer para mudar esta tendência, o ideal é que esteja preparado. Vendedores treinados e motivados, códigos, preços e sistemas revisados. Nada mais desagradável que ficar plantado na fila por um problema no caixa.
Outra dificuldade para alguns varejistas está na programação dos seus estoques, ainda que a data não seja tão sazonal quanto a Páscoa. Uma dica está na análise das vendas históricas, multiplicando-as por fatores que podem ser positivos ou negativos, dependendo do cenário previsto pelo lojista. Opiniões de câmaras setoriais, revistas do segmento e tendências macroeconômicas podem ajudar a formulá-los.
Não obstante a alta demanda da data pense em algumas promoções, tais como distribuições de brindes e prêmios, os quais poderão influenciar na escolha do consumidor por seu estabelecimento ou shopping. Sorteios de carros, viagens ou itens de bom gosto e design assinado são boas pedidas.
Enfim, sugiro planejamento e organização, caso seu negócio seja influenciado por esta data. Como ninguém é perfeito, deixe a improvisação e as compras de última hora para seu lado pessoa física. Tenho certeza que seus negócios só terão a ganhar com este comportamento.
(*) Marcos Morita é mestre em Administração de Empresas, professor da Universidade Mackenzie e professor tutor da FGV-RJ. Especialista em estratégias empresariais, é colunista, palestrante e consultor de negócios. Há mais de quinze anos atua como executivo em empresas multinacionais.