Eis que o Senado se tornou o símbolo máximo atual de malfeitorias na Administração Pública brasileira. Nunca foi nem melhor nem pior do que muitos órgãos públicos. Seus escândalos repercutem mais por ter sempre passado a imagem de uma freira ilibada, quando se tratava de uma mulher mundana. Medidas de moralização só são tomadas, sempre bem aquém do necessário, após denúncias na imprensa.
Como a Câmara tem um número muito maior de parlamentares, seria hora da mídia voltar sua fiscalização para aquela Casa. Depois estender às 27 assembléias legislativas e as mais de cinco mil câmaras municipais. O abuso tornou-se cultura nacional e precisa de combate permanente.
Não só as horas extras. Devem ser extintas muitas funções comissionadas, as famosas FCs, reduzir em milhões por cento a quantidade de cópias tiradas por quase a unanimidade dos servidores, abusando delas com seus trabalhos escolares; as compras desnecessárias e supérfluas, o gasto com a manutenção de aparelhos ligados, mesmo quando não são necessários; o consumo de combustível, principalmente nas câmaras municipais. As viagens, que tiveram como exemplo o voo da sogra do governador do Ceará. O utilização constante de aparelhos públicos em atividades particulares, mais comum na área da saúde. Tem mais e muito mais abusos a serem extintos.
E se deve criar um trabalho concomitante, de valor subjetivo. no sentido de elevar o espírito público para evitar que se ache normal usar a máquina pública para interesses particulares. Isso é uma utopia. É sempre a partir dela que as coisas impossíveis se tornam possíveis.
Elementar que o corte deve subir e acabar com as verbas abusivas de uniforme, de gabinete, uma desfaçatez para comerem dinheiro público. Com o caos social brasileiro, os parlamentares deste país são três vezes mais caros do que os franceses, algumas vezes mais do que os americanos e ingleses. Ou seja, se paga caro demais por algo um produto de péssima qualidade.
Embora flagrante o desvio de finalidade ou a malversação do dinheiro público, o Ministério Público Federal não tem sido atuante na fiscalização e no combate a muitos atos desastrados dos demais órgãos. É hora de agir com mais fervor para conter essa sangria deslavada com o dinheiro da viúva. Caberia aos organismos sociais tentar criar meios que permitam à sociedade acompanhar de perto a destinação do dinheiro, bem como a atuação dos seus administradores públicos para ajudar a controlar a sanha dessa gente sem pudor. É hora implementar um choque de gestão eficiente e um basta em tanta mordomia desnecessária em toda a Administração Pública brasileira.
Pedro Cardoso da Costa, residente em Interlagos/SP, é bacharel em Direito