O custo de uma campanha eleitoral, da maneira como é realizada no Brasil, é muito alto. Em algumas capitais, um candidato a vereador pode gastar mais de R$ 1 milhão na campanha, um valor muito acima do total de vencimentos a serem recebidos durante todo o mandato. Quem pagará essa diferença?
O financiamento privado das campanhas tem permitido uma forte interferência do poder econômico nos rumos políticos do Brasil, fonte de constantes preocupações e, em alguns casos, indignações, da sociedade. Prova disto é a importância e prioridade das CPIs no cotidiano legislativo, em detrimento dos debates sobre projetos de lei e reformas capazes de tornarem a vida dos brasileiros mais justa.
Empresários, muitas vezes com o intuito de influenciar politicamente, financiam campanhas cujos candidatos são suscetíveis aos interesse do grupo financiador. Esse desembolso poderia gerar um ganho maior no futuro e, para o político, o aporte financeiro amplia suas chances de vitória.
Para resguardar os princípios da igualdade, as doações foram regulamentadas por lei, com critérios e exigências, tornando a captação de recursos outro grande desafio para o candidato, além da resistência natural dos eleitores em geral de participar das campanhas como doadores.
Uma saída viável e acessível, para um candidato sem condições financeiras substanciosas, seria o marketing de relacionamento. É uma ferramenta capaz de assegurar a interação qualificada com os eleitores, valorizando a consciência política, a participação ativa e mudando o rumo das campanhas.
A eleição do presidente Barack Obama em 2008 foi um divisor de águas na forma de se fazer campanha política pela internet. Sites, blogs e twitter, além do telemarketing e do torpedo de voz tornaram-se poderosas ferramentas de arrecadação. Quem conhece a essa história é o jornalista americano Sam Graham-Felsen, diretor da área de blogs da campanha online do candidato americano. Segundo ele, “mais de três milhões de doadores individuais contribuíram, cada um com pouco mais de US$ 100, resultando num montante de US$ 500 milhões”.
No Brasil as doações também podem ser feitas por cheque cruzado e nominal, transferência bancária, boleto de cobrança com registro, cartão de crédito ou cartão de débito (por via da internet), título de crédito, bens e serviços estimáveis em dinheiro e depósitos em conta.
Captar recursos envolve praticamente as mesmas estratégias para conquistar votos. O maior segredo é identificar o que o eleitorado deseja e anseia.
Em síntese, o financiamento exclusivamente público e popular das campanhas permite aos partidos e candidatos se comprometam com a adoção de plataformas menos subordinadas a interesses específicos e mais voltadas ao interesse comum. No caso de contribuições exclusivamente privadas, muitas delas feitas por grandes empresas prestadoras de serviços do governo, há um viés de influências da qual os candidatos devem se prevenir.
Altamiro Castelan é diretor comercial da, graduado em Publicidade, com especialização em Marketing Alta Tecnologia – ESPM e participou de várias campanhas utilizando-se do marketing direto.