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Opinião

DROGAS: UM PROBLEMA SOCIAL, GOVERNAMENTAL, ESCOLAR E FAMILIAR

Nesta segunda década do século 21, vislumbro que poucos temas serão tão recorrentes quanto o álcool, a maconha, a cocaína, o crack e os alucinógenos. E é preciso criar uma consciência de responsabilidade compartilhada, pois não há como blindar a família, escola, clube ou condomínio. Em relação aos entorpecentes ilícitos, duas atitudes extremadas são comumente manifestadas em relação ao usuário: como um delinquente ou então como um coitadinho. Nada pior. Devemos condenar os extremos da marginalização, bem como da leniência ou lirismo, uma vez que os danos são deletérios ao usuário, além deste ser coautor dos delitos praticados pelos traficantes.

As drogas liberam no cérebro a dopamina, neurotransmissor responsável pela sensação de prazer. Vivemos em uma sociedade hedonista (do grego, hedoné, que significa “prazer”) e alguns jovens buscam na droga a euforia, ou como uma fuga dos problemas, ou pela busca de mais prazer, ou por influência dos amigos.

Os limites são necessários, cabendo aos pais estabelecer quais faixas devem ser mais estreitas, quais mais largas, e pelo diálogo demonstrar as suas convicções e modelos, respeitando as características individuais da personalidade do filho e as suas inteligências múltiplas. As escolas, as igrejas e a mídia devem corroborar com o lar, na ênfase aos valores humanos fundamentais e demonstrando às crianças e adolescentes o enorme dano à saúde, à vida e o consequente desmantelamento da boa convivência familiar e social.

Em janeiro de 2012, o governo prometeu liberar  4 bilhões de reais até 2014 para o programa de combate às drogas. Parte desse dinheiro é para a criação de 308 consultórios de rua, formados por médicos, psicólogos, enfermeiros e voluntários. Esses profissionais têm a missão de se aproximar dos usuários, tratá-los como um doente crônico, ganhar a sua confiança, indicando o tratamento ou até a internação, que pode ser consensual ou compulsória (a pedido da justiça ou da equipe multidisciplinar).

Grande é o desafio no combate inclemente às drogas ilícitas, ao glamour e aos excessos da bebida. Cada problema ou nação tem sua peculiaridade, sua fita métrica em relação aos valores e costumes. Experiências bem sucedidas de outros países podem balizar nossas ações, que adotam uma postura implacável contra os traficantes, e aos usuários oferta-se um tratamento multidisciplinar, caso contrário internamento ou prisão.  Há motivo para otimismo, pois aqui tivemos sucesso em campanhas cujos resultados foram conspícuos – com a participação ampla de toda a sociedade – ao percorrer um espinhoso caminho na redução dos danos causados pelo tabaco, bem como contra os preconceitos em relação ao câncer, Aids, homossexualismo, afrodescendência. Todo grande problema se resolve encarando-o de frente, e não o tangenciando, muito menos o negligenciando.

Jacir J. Venturi, vice-presidente do Sinepe/PR, autor do livro "Da sabedoria Clássica à Popular" e por 40 anos professor e diretor de escolas públicas e privadas.