O Brasil sofreu nesta semana mais um chacoalhão com o início da abertura de processo de impeachment contra a presidente Dilma na Câmara dos Deputados. Embora fosse algo previsível, que iria ocorrer mais cedo ou mais tarde, a apresentação do pedido assinado por três dos grandes juristas do país, causou espanto e movimentou todos os segmentos políticos. Não era para menos. O processo pode acabar com a era petista no governo e interromper um projeto político criado há mais de três décadas – possivelmente o maior do país, por diversos parâmetros de comparação.
Mas, independentemente de onde o caso pode chegar e muito menos da classificação moral de quem acusa a presidente de ilegalidades em seu governo, este chacoalhão não afeta apenas políticos e partidos. Vai para cima de todas as instituições, atinge a economia e interesses empresariais, além de interferir na vida de pessoas comuns. Ou seja, o país é duramente afetado e penalizado.
Não se falou em outro assunto, nos últimos dias, em redes sociais – o mundo virtual frequentado por imensa parcela de brasileiros; foi discutido nas famílias, nos clubes de serviço e, sem nenhuma novidade, incendiou opositores e apoiadores do governo.
A grande preocupação que causa é o quanto este processo poderá adiar ou até cancelar projetos e programas importantes que estão em andamento. Sem falar em Bolsa Família ou no Minha Casa, Minha Vida é preocupante saber que ações públicas indispensáveis podem comprometer o processo de recuperação da Petrobras – e isto afeta Três Lagoas, onde um projeto bilionário semi acabado está parado esperando decisões que só podem sair do governo até agora dirigido por Dilma. Fora do âmbito dos negócios públicos, a cidade vive à espera da concretização de planos gigantescos de expansão de empresas instaladas no município, as quais dependem da estabilidade econômica e de organização do governo.
O pedido de impedimento da presidente ocorre exatamente no momento em que todo o sul-mato-grossense aguarda por definições sobre o transporte ferroviário, a concessão de rodovias, liberações de recursos para obras de habitação, financiamento da saúde e em diversas áreas em que o poder público é predominante. Pior será para o Estado e para todo o país se este processo se arrastar por tempo superior ao que prevê a lei como ideal. Um resultado rápido e definitivo seja ele qual for pode contribuir.
Na ponta mais frágil de todos os prejuízos que as divergências políticas causam, o cidadão comum quer mesmo saber quando é que chegará a um postinho de saúde e encontrará um médico, remédios e atendentes disponíveis; quando não terá risco de ter um filho fora da escola por falta de vaga, quer ver a segurança pública, transportes, comunicação e previdência funcionando.
A julgar pelas reações emitidas desde o início do impeachment, a maioria quer é que tudo isso acabe logo, que o país siga sua rota normal e que os ocupantes de cargos públicos justifiquem publicamente suas posições, além de ver o governo justificar o uso de recursos obtidos com impostos com correção e respeito na sua aplicação.
Opinião