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EDITORIAL: A guerra continua

Petrobras joga a responsabilidade do não pagamento para a Galvão e a Sinopec

Ainda segue sem previsão de terminar a guerra entre os pequenos e médios empreendedores de Três Lagoas e Mato Grosso do Sul contra a gigante, e até pouco tempo inabalável, Petrobras e outras grandes, como a Galvão Engenharia e Sinopec. A luta deve-se ao calote dado nos empresários locais durante a construção da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados (UFN-3) que passa de R$ 36 milhões.

Com a paralisação das obras de construção, o rompimento de contrato com o Consórcio UFN-3, então responsável pelas obras, os empresários locais viram ir por água baixo as chances de receberem seus créditos. Já são mais de quatro meses esperando. Neste período, houveram reuniões, manifestações, ligações e muitos outros “ões”, mas nada decidido.

A Petrobras joga a responsabilidade do não pagamento para a Galvão e a Sinopec, empresas que compunham o projeto. As empresas, no entanto, devolvem, alegando que tem recursos a receber. Enquanto isso, ainda precisam lidar com um dos maiores escândalos de corrupção da história do país.

Sem alternativa, os empresários passaram a procurar a Justiça. Até o início desse mês mais de 40 empresas haviam ingressado com ações individuais contra o Consórcio e a Petrobras. Algumas já obtiveram algum sucesso, com o bloqueio de bens dentro do canteiro de obras. Mas agora, elas estão se unindo para uma ação coletiva.

A ação civil pública, com pedido de liminar, foi proposta pelo Ministério Público Estadual e distribuída ontem para a Vara de Fazenda Pública e Registros Públicos da Comarca de Três Lagoas. A ação pede o bloqueio, por meio de liminar, de R$ 36 milhões das empresas Galvão Engenharia, Sinopec e Petrobras para garantir o pagamento de credores.

Nada mais justo para uma estatal que obteve um prejuízo de R$ 21,6 bilhões, sendo R$ 6,2 bilhões desse total somente com a corrupção, conforme mostrou o balanço divulgado nesta semana. Para cifras deste porte, R$ 36 milhões é pouco, quase nada.

Já para o pequeno empresário, é muito e está custando a saúde financeira de suas empresas, quando não a sobrevivência de seus empreendimentos. Desde o calote – os atrasos no pagamento começaram no segundo semestre do ano passado – muitas empresas não resistiram e tiveram que fechar as suas portas. Em outras, a solução para se manter viva foi cortar custos, demitindo funcionários.

O efeito cascata gerado no município foi intenso. Sem receber, empresários começaram a dever no mercado. E os funcionários demitidos, deixaram de consumir na praça, resumindo, todos saíram perdendo por conta de uma obra que, para muitos, foi a grande esperança dos últimos anos.

A esperança de uma negociação ainda não se encerrou por completo. Tanto que reuniões entre governantes continuam a acontecer. O encontro mais recente com a diretoria da Petrobras foi liderado pela senadora de Mato Grosso do Sul, Simone Tebet, na tentativa de sanar, de vez, essa dívida e discutir a retomada dessa importante obra tanto para o Estado quanto para todo o país. No entanto, enquanto não há um acordo, fica depositado na Justiça a expectativa de receber esses créditos.