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Editorial: A Lagoa precisa ser preservada

Processo de assoreamento da Lagoa Maior a cada dia que passa, compromete a quantidade do seu volume de água

Vez por outra a ação do homem violenta a Lagoa maior de Três Lagoas, sem contar que as outras duas lagoas estão relegadas ao esquecimento, além de inexistir no do poder público previsão de ações de manutenção e preservação destes bens naturais, que dão nome à cidade – Três Lagoas.

O processo de assoreamento da Lagoa Maior a cada dia que passa, compromete a quantidade do seu volume de água, uma vez que as bacias de contenção em seu entorno não são suficientes para conter a enxurrada de lama e lixo causada pela força das águas das chuvas. Para agravar a situação, várias ruas do bairro Bela Vista foram asfaltadas nos últimos anos. E, na região, na altura da rua Bahia, conjuntos habitacionais se erguem, um já concluído com 160 apartamentos, e outro com previsão de 450 unidades habitacionais, está em fase de construção, além de dois loteamentos em vias de serem implantados. Portanto, mais asfalto será feito e mais facilmente a força das enxurradas levarão mais lama para dentro da Lagoa Maior. Faz-se asfalto, mas não se faz galeria de captação de águas pluviais, infelizmente. Tanto é, que o asfalto do entorno da lagoa está sendo recapeado, e nem se cogitou em se construir  uma galeria de águas de chuvas para captar as águas que rolam dos altos do bairro Bela Vista, as quais vêm com uma força estupenda considerando a altura do terreno naquela região que é  pouco mais de 40 metros mais alta em relação ao nível da própria lagoa. Poderiam ter previsto a construção de uma galeria que se interligaria ao extravasor de águas consideradas excedentes da lagoa (excedentes há trinta anos passados), que  provavelmente deve estar entupido por um volume enorme de terra. Para quem não lembra, este estravador foi construído para dar vasão às águas bombeadas das segunda e terceira lagoas que inundavam casas ribeirinhas para a  Lagoa Maior, para a partir dai, as águas excedentes serem bombeadas para uma longa galeria construída nos anos 80 na extensão da avenida Rosário Congro até a confluência da rua Elviro Mancini, antiga rua Municipal, para onde sob os trilhos da NOB correm estas águas e uma galeria em direção ao Córrego da Onça. Como se vê a incúria e a falta de planejamento contribuem para estar matando aos poucos a Lagoa Maior. Nos anos 50 em discurso na Assembleia Legislativa de Mato Grosso, o então, deputado estadual Rosário Congro, denunciava a agressão que a lagoa sofria com a retirada de suas águas para abastecer as locomotivas Maria Fumaça que tracionavam trens de passageiros e cargas determinada pela diretoria de então da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil.  A denúncia alertava que a lagoa poderia ficar tomada por uma vegetação – a taboa, que se alastraria em áreas que poderiam ser tornar várzea. Mais de sessenta anos se passaram e na escalada de agressões a Lagoa, além de ter a sua área periférica ocupada pela abertura da avenida em seu entorno, invadida pela ocupação de imóveis que se tornam residenciais e comerciais, além de algumas construções que nela se ergueram. Recentemente, pretende a União através do Ministério da Justiça, dar prosseguimento a construção de um prédio na Lagoa Maior, comprometendo o visual paisagístico para abrigar a sede da Polícia Rodoviária Federal.  Essa providência caracteriza mais uma agressão contra o patrimônio natural da cidade, aliás, inaceitável pelos três lagoenses. Alegam que há o risco de se perder R$ 800 mil reais em investimentos. É certo que este argumento  não procede. Primeiro, porque a verba pode ser remanejada, e em segundo lugar, pode muito bem a administração federal destinar esse mesmo recurso para a construção do mesmo prédio que pretende edificar em outra área, entre as muitas que a União tem em Três lagoas, em razão de ser proprietária de muitos terrenos da antiga N.O.B que estão sendo transferidos para a municipalidade. Um lugar apropriado para essa construção seria em área nas imediações da Funlec, Receita Federal, Polícia Militar, situada em lugar privilegiado e de fácil acesso para os deslocamentos da corporação que atende as rodovias federias – BRs 262 e 158. Nunca no entorno da Lagoa Maior, até porque a prefeitura municipal deve manter o embargo, e não ceder a quaisquer pressões, sob pena de ser acusada de desidiosa no cumprimento e dever de defender os interesses da coletividade. Mesmo que a cidade fique privada da construção desta sede da PRF, o prejuízo pode se considerar ínfimo diante de tantos descalabros que se vê na atualidade, perpetrados contra a administração pública.  Não são poucas as medidas que precisam ser tomadas para se preservar as lagoas que dão nome à nossa cidade. Estranha-se que até agora passados mais de cinco anos desde quando foi aventada a possibilidade de transformá-las em monumento natural da cidade que nada tenha sido feito nesse sentido. Pior, a não  declaração de reconhecimento monumental da natureza das três lagoas, implica diretamente na possibilidade de se utilizar ou não recursos que estão à disposição do Imasul, locados pelas empresas que se instalam no município e causam impactos ambientais. Quase R$ 20 milhões de reais aguardam destinação. E,  pior o município corre risco de perdê-los se não se mexer, ou seja , apresentar projeto fundamentado para a aplicação desses recursos. A inércia municipal motivou cobrança pública do Imasul pela sua representante na cidade recentemente, por conta da falta de projetos nesse sentido que até hoje não foram apresentados para análise e deliberação. Passam anos, e não são poucos, e  a luta para preservar vivas as lagoas não para, mas infelizmente, não tomam providências, e do jeito que conduzem esta questão, mais anos menos anos, a lagoas poderão ser soterradas porque perderam as suas finalidade, pois suas águas podem deixar de aparentar os belos espelhos de  água que aparentam. E, então, mortas, pela falta de ação de preservação, lamentaremos o desparecimento da referência que inspirou o nome de Três Lagoas.