Veículos de Comunicação

Opinião

Editorial: Aconteceu o que estava previsto

É evidente, que o Brasil vinha e está mal das pernas

O segundo governo da presidente Dilma começa os seus primeiros dias editando medidas as quais disse que não iria colocar em prática. A primeira, aliás, tardou, embora, sempre tenha negado ao dizer que em benefício de trabalhador não se mexe. Acusada pelas grandes centrais de trabalhadores por modificar as regras para a concessão do seguro desemprego, o fato é que a forma como era deferido o tornava uma indústria deslavada de concessão de um benefício que mais colocava no ócio um enorme contingente de trabalhadores remunerados pelo prazo de até quatro meses em vez de ampará-lo até que encontrasse novo emprego. Hoje as regras são outras, sem contar que deixará de ser instrumento de negociação para o mau trabalhador, que enfadado de trabalhar em determinada empresa pede para ser mandado embora, transparecendo na solicitação, a ameaça velada de que se não for atendido baterá às portas da Justiça do Trabalho contra a empresa. A medida, se por um lado agradou empregadores, desagradou empregados, os quais doravante, também, não vão gozar dos benefícios da licença para tratamento de saúde com as facilidades proporcionadas até outro dia. Os trinta primeiros  dias de licença correrão pagos pelo empregador e os demais dias, serão pagos pelo pela previdência social  na proporção do tempo de serviço na empresa. Quanto a esta questão matou-se com uma cajadada dois coelhos: primeiro: se realmente for acometido por uma doença que exige o seu afastamento, o trabalhador estará amparado pela previdência, mas receberá o benefício na proporção do seu tempo de serviço. A nova tabela que não é tão benevolente quanto a anteriormente praticada, remete-nos ao segundo coelho. É que esta medida desestimulará a indústria do atestado médico, que vez por outra, surpreende empregadores ao verem perambulando pela rua o funcionário licenciado por motivos de “saúde”.  Quantos as questões acima abordada era mais do que notório que havia em desvio que tinha que ser contido, porém, para não perder votos, a candidata presidente só poderia colocar em prática estas questões    colocando em prática uma regulamentação moralizadora, depois das eleições, porque, antes, além de despertar a fúria sindical teriam ampliado o número de votos que acabaria por perder. No campo fiscal e tributário, ontem, editou novas medidas que elevam o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) de 1,5% sobre operações de credito para 3%, numa clara contenção do crediário, que deixa o dinheiro mais caro quando emprestado pela rede bancária. O reajuste da tabela do imposto de renda incidente sobre salários, embora, vetada pela  presidente de 6,5% passou a ser de 4,5%. Mas, este veto, proporcionou ao governo federal ampliar o número de pessoas que estarão obrigadas a pagar o imposto de renda, uma vez que se reduziu a isenção da faixa salarial de até R$ 1.903,98 para R$ 1.787,87.  A justificativa é a de se o índice de 6,5% vigorasse, considerar-se-ia na diferença o equivalente a uma  renúncia fiscal por parte do governo. Mais, adiante na esteira dos últimos acontecimentos, o governo da presidente Dilma, o mesmo dos últimos quatro anos, que disse que não haveria choques na economia,  reajusta a energia elétrica em 35%,  amenta a gasolina nas refinarias em R$0,22 e o diesel em R$015, o litro. Recria a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) sobre os combustíveis, além de reajustar  igualmente, os índices de recolhimento do Programa de Integração Social (PIS) e da Contribuição do Financiamento para a Seguridade Social  (Confins), para os produtos importados, tudo isso, sob a alegação de que é preciso reequilibrar a economia e retomar o crescimento. É evidente, que o Brasil vinha e está mal das pernas.  Atravessa um dos períodos mais críticos da sua economia sob a orientação ou desorientação como queiram da presidente Dilma, que deixou de fazer a lição de casa de seu antecessor, que fez a tarefa preconizada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Sem conotação partidária essa afirmação, pois é sabido que os petistas de carteirinha têm verdadeiro ódio qualquer comparação com o ex-presidente FHC.  Sem aprofundar  nos detalhes que indicam a nossa derrocada na apuração do Produto Interno Bruto, é certo que qualquer brasileiro de mediana cultura que acompanha o dia a dia da economia do país, já havia percebido  que o quadro que hoje vivemos, será de dias futuros mais duros. Só não viu quem não quis, porque no ano que passou desde o segundo semestre de 2013, percebia-se que vivíamos em um país de conto da carochinha. Rachou-se ao meio a opinião do país. A razão deu lugar a apelos de palanque, que acabou suplantada pela alardeada concessão de benefícios imaginários ao povo e de um discurso repleto de inverdades, que acabaram por fazer um enorme contingente de brasileiros acreditar que poderia ser mais  feliz do jeito que tudo estava do que uma mudança séria nos rumos que precisamos seguir. Aconteceu para os lúcidos o que estava previsto.