Os três-lagoenses darão às boas-vindas ao Ano Novo nesta quinta-feira. E, para a maioria, ele chegará mais do que em boa hora. É inegável que, para a maioria, 2014, foi no mínimo um ano atípico e que não deixará saudades no que refere-se a vida política, economia e até mesmo esportiva do país.
Aqueles que eram para ser grandes eventos do ano – como a Copa do Mundo e as eleições gerais, acabaram por paralisar o crescimento da economia nacional agravada por gastos públicos excessivos, política fiscal equivocada, assim como a desbragada corrupção que corroe o país identificada depois do mensalão pela Operação Lava Jato que combaliu a antes considerada orgulho dos brasileiros – a Petrobras. O petróleo é nosso e continuará sendo, mas um fato é certo, o País e os brasileiros não suportam mais a roubalheira que se institucionaliza na administração pública. Do Mundial de futebol, basta relembramos com vergonha a derrota histórica de sete a um para a Alemanha. A vergonha nacional não para neste fato episódico, agrava-se com a execução de obras federais com orçamento mais que estourados, aliás, centenas destas apontadas como superfaturadas pelo Tribunal de Contas da União, que embargou muitas delas e abriu sindicâncias ara apurar responsabilidades. A compra superfaturada da refinaria de Pasadena, assim como os contratos celebrados com as empreiteiras cartelizadas, cujos dirigentes estão recolhidos sob custódia da Polícia Federal no Paraná entristece o Brasil. Nunca se viu tanta roubalheira no país. Nem nos tempos de Collor, para lembrar fatos mais recentes da história do país. As manifestações de rua não intimidaram nenhum governante. Entretanto, exceto os xingamentos à presidente da República, Dilma Rousseff, considerados desnecessários, feitas por uma minoria que tinha condições de estar nos estádios da Copa, todos os outros, foram mais do que válidos. Para a população restou o conforto das manifestações de junho de 2013, as quais acabaram prejudicadas em decorrência da infiltração de gente que tinha objetivos escusos e que passaram a depredar e incendiar bens públicos e privados.
Por outro lado, os abusos praticados com obras mais do que superfaturadas para fazer a “Copa das Copas” evidenciaram que se por uma lado o certame da FIFA podia apressar a execução de obras estruturais para a mobilidade urbana nas cidades sedes, ficou mais do que claro, que o país precisa ser mais bem planejado. As eleições gerais e a necessidade de atender à Lei de Responsabilidade Fiscal que acabou por ser modificada pela compra de deputados e senadores se garantir a liberação de emendas parlamentares no valor de R$ 750 mil para a execução de obras eleitoreiras, com a finalidade de proporcionar à administração federal o fechamento de suas contas, acabaram por deixar centenas de municípios, inclusive o nosso, a ver navios. Nem com pires na mão e projetos bem elaborados, os prefeitos e governadores conseguiram a liberação de recursos prometidos. O reflexo foi uma onda de corte de gastos que atingiu o centro das administrações. Em Três Lagoas, por exemplo, a saída foi cortar custos, até às últimas consequências. Estagiários, comissionados saíram da folha de pagamento. Até mesmo a execução de projetos sociais foi suspensa com a antecipação de férias. Do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC-2), a administração do município ficou adstrita a uma pífica verba de apenas R$ 5 milhões, dos R$ 80 milhões em projetos apresentados para a execução de obras de infraestrutura urbana. E, não se sabe se esse recurso chegará até aqui.
Na política, os brasileiros foram às urnas para eleger seus representantes. Neste quesito, independentemente de quem venceu, um fator chamou a atenção: o alto índice de abstenção. A classe política precisa estar atenta a esses números que crescem a cada dia. Em Três Lagoas, por exemplo, a abstenção chegou a 22%, evidenciando descontentamento e desesperança com o cenário político. Não votar também é uma forma de manifestação de protesto.
Enquanto isso, chovem denúncias contra a Petrobras, que acabaram por respingar em Três Lagoas. Um dos diretores da Galvão Engenharia citado na Operação Lava-Jato encontra-se preso. Não se sabe até onde a Fafen – fábrica de fertilizantes da Petrobras, pode estar envolvida em irregularidade de contrato com a Galvão Engenharia, uma das integrantes de Consórcio UFN 3. Esta situação não só causou a perda de ritmo gradativo das obras de construção da fábrica de fertilizantes, como criou um efeito bola de neve em dívidas não pagas, causando para muitos empresários da cidade situação de insolvência. A dívida do consórcio junto aos empresários locais já chega a R$ 22 milhões, pouco para uma Petrobras, mas o suficiente para quebrar o comércio local.
E foi o que aconteceu. Economicamente falando, foi um ano morno e de vendas menores do que as de 2013. Todos com o pé no freio à espera dos próximos capítulos, que virão em 2015. No caso de Três Lagoas, a expectativa é ainda maior já que se trata do ano em que se comemora o Centenário do município.
E só não foi mais frio graças a alguns eventos, que aconteceram no finalzinho do segundo tempo. Um deles, e talvez um dos mais importantes, foi a inauguração do contorno ferroviário, que colocou um fim na tráfego de trens pela linha férrea que cortava a cidade ao meio. Neste mesmo dia o governador André Puccinelli, autorizou o início das obras do Hospital Regional de Três Lagoas, que além de equipado, terá 180 leitos para atender tanto a população da cidade e da região, como os alunos da Faculdade de Medicina da UFMS aqui instalado no segundo semestre deste ano que finda.
Não podemos dizer que foi um ano perdido, já que pode se considerar Três Lagoas um oásis de desenvolvimento se comparado a centenas de municípios brasileiros. A despeito de muitas dificuldades conseguimos desenvolver e prosperar. Ao final, é certo que os acontecimentos que dificultaram a vida dos cidadãos e empresários torna-se um é aprendizado, tanto para a classe política quanto para a população, pois é certo que temos que ser criativos e estarmos preparados para as armadilhas que às vezes e na maioria das vezes são armadas pela incúria dos nossos governantes. No entanto, a esperança repousa na fé que cada um de nós trazemos no peito, além da força e determinação para superarmos adversidades. Afinal, todos somos fortes, porque não temos medo do trabalho e nem renunciamos a determinação de lutar por dias melhores. Que 2015 seja um novo ano, muito melhor do que foi este que estamos findando, vivos e com saúde.